Plantas inteligentes, pessoas burras, o LHC brasileiro: na SUPER digital
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Você já teve a impressão de que as pessoas ficaram mais burras? Talvez não seja só impressão.
Discussões inúteis, intermináveis, agressivas. Gente defendendo as maiores asneiras, e se orgulhando disso. Pessoas perseguindo e ameaçando as outras. Um tsunami infinito de informações falsas. Reuniões, projetos, esforços que dão em nada. Decisões erradas. Líderes políticos imbecis. De uns tempos para cá, parece que o mundo está mergulhando na burrice. E provavelmente esteja mesmo: estudos realizados com dezenas de milhares de pessoas, em vários países, revelam algo inédito e assustador: a inteligência humana começou a cair.
BIOHACKING Entrego o meu robe a Michael Marguiles, dono da empresa NYC Cryo, e fico praticamente nua dentro de um cilindro de metal. Sai um vapor pela parte de cima dele, como se fosse gelo seco. Michael me diz para não ficar nervosa, mas eu fico. Três anos atrás, uma mulher morreu durante uma sessão de crioterapia num spa de Las Vegas. A polícia acredita que ela tenha aspirado nitrogênio demais, desmaiado e congelado até a morte.
Michael fala muito, chega a parecer que ele é quem está nervoso. “Os benefícios da crioterapia são: ela reduz a inflamação, estimula a recuperação de lesões e auxilia você a dormir melhor”, diz. “Também ajuda a combater a depressão, e queima de 400 a 800 calorias por sessão.” Não sei nem se isso é possível. Mas a crioterapia é intrigante. Ela é um dos chamados biohacks – tratamentos médicos de vanguarda que prometem benefícios radicais à saúde, ao bem-estar mental, à produtividade e à longevidade. Testei seis deles
–FAÇA-SE A LUZ
Entenda o que é e como funciona o acelerador de partículas Sirius – a fábrica de luz de 1,8 bilhão de reais que vai revolucionar a ciência brasileira.
“A gente tinha uma margem de erro de 5 milímetros”, me diz um senhor de óculos retangulares. Ele aponta para um buraco na parede.
“E o que o operário achou disso, na hora de fazer o furo?”
“Ah, ele chorou, né?”
Eu poderia dizer que Walter Marchesini Jr. é engenheiro de automação – mas importante mesmo é dizer onde.
Walter trabalha no maior acelerador de partículas do Hemisfério Sul, localizado em Campinas, a 100 km da capital paulista. Lá, ele me explicou, absolutamente tudo foi feito com uma precisão absurda. Dos buracos na parede ao chão. O piso de concreto tem 1,5 m de espessura, mas é tão plano que, ao longo de sua extensão, o maior desnível é de menos de 2 centímetros. A temperatura do ar-condicionado flutua no máximo 0,1 ºC. A água e o esgoto passam pelo encanamento sem causar a mínima vibração – todos os canos são apoiados em molas, e têm calibre maior que o necessário, para manter o ambiente imperturbável.
Essa precisão toda não é mero capricho. O acelerador, de R$ 1,8 bilhão, é a empreitada mais ambiciosa – e cara – da história da ciência brasileira.

–A INTELIGÊNCIA SECRETA DAS PLANTAS
Elas têm vidas paralelas. Fazem fofoca, planejam vingança, querem fazer sexo – e podem se tornar guardiãs da sua casa no futuro
Elas não têm um mísero neurônio. Jamais completarão um teste de QI. Mas não há dúvidas: evolutivamente falando, as plantas estão entre os seres vivos mais inteligentes da Terra. Por trás da aparência imóvel, imperturbável – quase blasé perante a intensidade do mundo animal –, está uma vida secreta e extremamente complexa que o reino vegetal foi capaz de desenvolver sem tirar os pés do chão.
Plantas não assinam contratos nem tecem acordos, mas aprendem a dividir recursos e mediar os conflitos que surgem com a vida em sociedade.
Elas nunca aprenderam matemática, mas são experts em resolver problemas. Jamais apanharam no recreio, mas sabem como ninguém planejar uma vingança – e até como desequilibrar uma briga com a ajuda de amiguinhos mais fortes.
Das mais altas figueiras às pequenas suculentas que você cultiva no vaso, todas as plantas são máquinas de vigilância constante. Cada folha e raiz c0labora para uma análise detalhada do ambiente, capaz de captar sinais que os nossos sentidos jamais teriam condição de perceber.
Aqui você vai conhecer as criações mais sublimes da inteligência vegetal: de idiomas próprios até mecanismos ocultos que permitem guardar lembranças do passado. Então não fique aí plantado: leia até o fim.
OS SEGREDOS DO QUEIJO CANASTRA
Ele quase caiu no esquecimento, e agora está ganhando o mundo. Entenda a ciência e as polêmicas por trás desse queijo artesanal.
Na Serra da Canastra, sudoeste mineiro, a força da natureza é uma expressão sólida como o quartzito que forma o chão do lugar. A região abriga tantas nascentes que cientistas definem o lugar como uma gigantesca caixa d’água. Mais de 200 cachoeiras se misturam a uma vegetação de árvores baixas, marcando a fronteira entre o Cerrado e a Mata Atlântica.
Às margens dos ribeirões, os municípios de São Roque de Minas, Piumhi, Vargem Bonita, Tapiraí, Medeiros, Delfinópolis e Bambuí se destacam pela produção artesanal de queijo. Essas sete cidades formam um circuito em que cerca de 800 famílias fazem um dos melhores queijos do mundo.