Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Salvaram a Mata Atlântica?

A missão de Chris era observar as soluções brasileiras para levá-las a outros países tropicais. ¿A Mata Atlântica abre um precedente espetacular.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h02 - Publicado em 31 ago 2002, 22h00

Denis Russo Burgierman / Marcos Nogueira / Rodrigo Maroja

Enfim, uma notícia boa para a ecologia brasileira. Os ambientalistas do mundo começam a achar que a tão judiada Mata Atlântica está dando a volta por cima. E que ela pode servir como exemplo para o mundo de como reverter a degradação numa região ameaçada. Dia desses, o Instituto Worldwatch, uma das mais importantes ONGs ambientalistas internacionais, mandou para o Brasil um de seus principais pesquisadores, o especialista em biodiversidade Chris Bright. A missão de Chris era observar as soluções brasileiras para levá-las a outros países tropicais. “A Mata Atlântica abre um precedente espetacular”, diz.

Calma lá. Isso não quer dizer que a guerra esteja ganha. Ainda há muita degradação e 92% da floresta já foi para o vinagre. “Mas, depois de 500 anos de destruição, a relação com a natureza mudou”, afirma Chris. A mata está longe de ser salva, mas a seta, que esteve apontada para baixo desde que um marinheiro português gritou “terra à vista”, em 1500, parece ter virado para cima.

A Mata Atlântica é um hotspot. Na língua dos ambientalistas, isso quer dizer duas coisas: que é uma região cheia de espécies que só existem lá e que está muito ameaçada, com menos de 25% da cobertura original inteira. Ou seja, é uma área prioritária de preservação, daquelas que precisam ser salvas com urgência sob pena de o planeta perder um monte de biodiversidade. Há 25 hotspots no mundo. De todos eles, a floresta costeira brasileira parece ser a primeira a dar sinais de reação. E que sinais são esses? Chris destaca três:

1. Menos devastação

Fotos aéreas e de satélite mostram que o ritmo da derrubada caiu para um nível aceitável.

Continua após a publicidade

2. Organização da sociedade civil

Há algo como 170 ONGs atuando na região. Isso quer dizer que tem gente suficiente prestando atenção. Destaque para a Associação Mico-Leão-Dourado, vencedora do Prêmio Super Ecologia 2002 na categoria Fauna, que, há 18 anos, vem salvando a espécie do desaparecimento. Outra ONG importante é a pioneira S Mata Atlântica.

3. Governo consciente

As políticas públicas têm sido acertadas. Exemplo disso é o projeto federal de criar corredores ecológicos: regiões reflorestadas ligando um pedaço a outro da Mata Atlântica. Os corredores permitirão a passagem de animais e evitarão que eles fiquem ilhados, condenados a cruzar apenas com parentes próximos e a gerar descendentes geneticamente frágeis. O reflorestamento dos corredores pode servir de exemplo para que outras regiões degradadas sejam recuperadas.

Uma das lições brasileiras que o Worldwatch pretende levar para outros países pobres é a idéia de envolver a população local nos projetos. Em outros lugares, especialmente na África, isso não foi feito e as conseqüências revelaram-se desastrosas. “As ONGs européias e americanas botavam dinheiro em projetos ambientais nos países africanos e acabavam atraindo gente de muito longe”, diz Chris. “O resultado é que essa migração aumentava a população e, conseqüentemente, a pressão ambiental. Ou seja, os projetos ambientais, no final, promoviam a derrubada de florestas.”

Continua após a publicidade

OK, as notícias são boas. Mas o Worldwatch não tem medo de sair por aí divulgando-as? E se, diante delas, a população resolver voltar a devastar, na ilusão de que não há mais razões para preocupação? Chris não acha que é por aí. “Por muitos anos, os ambientalistas só deram notícias ruins. Já era hora de as pessoas verem algum resultado para essa mobilização toda”, diz. E vida longa para a Mata Atlântica.

Os pontos mais quentes

Veja quais são os 25 hotspots do mundo – regiões muito ameaçadas e cheias de espécies que só existem lá

1. Mata Atlântica

2. Sundaland (Indonésia)

3. Mediterrâneo

4. Madagáscar e Ilhas do Índico

Continua após a publicidade

5. Indo-Birmânia

6. Caribe

7. Andes Tropicais

8. Filipinas

9. Província Florística do Cabo (África do Sul)

Continua após a publicidade

10. Mesoamérica

11. Cerrado Brasileiro

12. Sudoeste da Austrália

13. Montanhas do Centro-Sul da China

14. Polinésia e Micronésia

Continua após a publicidade

15. Nova Caledônia

16. Chocó-Darién e Equador Ocidental

17. Florestas da Guiné e África Ocidental

18. Ghats Ocidentais (Índia) e Sri Lanka

19. Província Florística da Califórnia

20. Karoo (África do Sul)

21. Nova Zelândia

22. Chile Central

23. Cáucaso

24. Wallacea (Indonésia)

25. Montanhas do Arco Oriental e Florestas Costeiras (Tanzânia)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.