Denis Russo Burgierman
No Prêmio Super Ecologia de 2003 , o grande homenageado foi o ambientalista José Márcio Ayres, que criou a Estação Ecológica Mamirauá, no Amazonas, lar do esquisito macaco uacari-branco. Ayres morreu de câncer em março, aos 49 anos, deixando Mamirauá órfã, mas deixou para o Brasil um novo conceito de conservação que leva em conta tanto a natureza quanto as pessoas. A boa notícia é que, passado meio ano de sua morte, o Instituto Mamirauá e a reserva estão funcionando tão bem quanto no tempo em que ele era vivo.
Pouco antes de morrer, Ayres tinha conquistado um outro prêmio – este concedido pela Rolex, que todos os anos escolhe cinco empreendedores ao redor do mundo e entrega 100 mil dólares para cada um. O dinheiro ele deixou todo para o instituto e virou salários e equipamentos.
“A doença mudou minha visão sobre o projeto”, afirmou o biólogo numa entrevista, ano passado. “Percebi que uma das melhores contribuições que poderia dar seria tornar as coisas pelas quais lutei independentes de mim”, disse. Por causa disso, a antropóloga Ana Rita Alves já se preparava para assumir a direção do instituto. A equipe garante que está ainda mais determinada que antes. Bom ver que cada vez menos o futuro depende de um ou outro sonhador – que os sonhos podem criar raízes e crescer sozinhos.