Um homem-peixe? quase um peixe
rático de 74 anos ainda trabalha duro na condução de embarcações em Salvador.
Jomar Moraes
Um homem-peixe? Um peixe-homem? Já não existe fronteira entre o fato e a lenda, o homem e o mito na história do sergipano José Martins Ribeiro Nunes, o Zé Peixe, o mais famoso prático do mundo. Prático é aquele sujeito que, muitas vezes com a ajuda de lanchas e de equipamentos especiais, guia navios na entrada e saída de portos perigosos. Em Aracaju, Zé Peixe usa somente um calção de banho e seu único meio de transporte são os braços ágeis de nadador. É difícil acreditar que, aos 74 anos, seja capaz de tudo o que contam dele. Segundo o próprio, durante todo esse tempo jamais tomou um banho de água doce. Também desprezou o cardápio comum e foi buscar energia nas duas ou três frutas que come diariamente e no inseparável café com pão. Parece milagre que ainda esteja vivo. Mais ainda que continue a vencer a nado 10 quilômetros de mar aberto toda vez que o trabalho acaba e é preciso voltar para casa. São 12 000 braçadas, três horas de luta contra as ondas, às vezes na escuridão da noite.
Zé Peixe é um exemplo raro de harmonia do homem com a natureza, um símbolo ecológico, dizem. O prático ouve e sorri. “Ora, minha vida é o mar”, afirma. E mergulha para mais uma missão.