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A experiência maestral de Horizon Zero Dawn

Por mais simples que possa parecer, Horizon Zero Dawn consegue ser definido em uma única palavra: descobrimento

Por Lucas Massao
Atualizado em 22 fev 2024, 10h16 - Publicado em 3 mar 2017, 13h10
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A grama toca o seu ombro. Alta, ela esconde a sua presença da fera que espreita em sua direção. As lâminas de ferro, que cumprem o papel de dentes, giram velozmente. Os olhos, amarelos, visam o cadáver da presa. A presença cada vez mais iminente do seu adversário levanta uma escolha: você deve usar o seu arco ou sua lança? A primeira opção lhe garante distância, e a segunda tem mais chances de um golpe certeiro. Gritos e fagulhas rompem o silêncio. A fera, antes ameaçadora, agoniza, enquanto suas partes metálicas caem ao chão.

O desenvolvimento de Horizon Zero Dawn começou em 2011, após a guerra entre os Helgast e a ISA entrar em seu terceiro capítulo, Killzone 3. Na época, a Guerilla Games fez uma audição com 40 ideias. Mathijs de Jonge, diretor do game, considerou Horizon Zero Dawn como a mais audaciosa e, consequentemente, com a maior chance de dar errado. O anúncio oficial, feito em durante a conferência da Sony na E3 do não tão longínquo ano de 2015, serviu para colocar o chamado “hype” nas alturas logo de cara. O mundo dos jogos só tem a agradecer pela ousadia da Guerilla.

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Por mais simples que possa parecer, Horizon Zero Dawn consegue ser definido em uma única palavra: descobrimento. A história é contada na visão de Aloy, uma guerreira da tribo dos Nora, mas, por ser filha do guerreiro exilado Rost, cresceu exilada, com pouco contato com seus pares. O fato de Aloy não ter ideia de quem seja sua mãe diminuiu ainda mais as suas chances de integração, pois a figura materna é importantíssima para a sua tribo. Uma reviravolta transforma Aloy, que sempre foi a renegada, em uma emissária, e a única pessoa capaz de salvar quem sempre a rejeitou.

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Em uma forma natural e encantadora, a Guerilla sobrepõe as experiências de Aloy e do jogador. Juntos, eles precisam desbravar um mundo que foi dominado pelas máquinas e que os humanos não são mais a espécie dominante. O primeiro ponto onde Horizon Zero Dawn se dá maravilhosamente bem é justamente esse. Os ambientes são ricos em detalhes e ajudam a construir a ideia de isolamento e necessidade de sobrevivência. Detalhes pontuais muito bem polidos, como o movimento da água e da grama, chamam a atenção em momentos de caminhadas. A iluminação rende visuais dignos de posts que rendem milhares de likes nas redes sociais.

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A paz e aparente calmaria do mundo de Horizon Zero Dawn é brutalmente interrompida por feras robóticas. Essas criaturas compõe o segundo ponto onde o game acertou em cheio. Apesar de serem compostas de fios, engrenagens e outras peças, os habitantes desse novo mundo comportam-se como se fossem animais reais. Com inspiração no cavalo, o galope, por exemplo, se assusta ao ver o cadáver de um companheiro de manada e passa a distribuir coices quando é atacado. Já o dente-serrado anda como um verdadeiro tigre à espreita, com a ajuda de um sonar para detectar novas vítimas.

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Para combater as feras robóticas, Aloy conta com arcos e flechas, customizáveis com os itens encontrados pelo mundo, uma lança, dotada da capacidade de transformar, por um curto período, criaturas inimigas em aliadas, e diversas armadilhas. A construção do personagem de Aloy, inclusive, é louvável. Esqueça essa história de roupas curtas e sexualização, Aloy é forte simplesmente por ser forte. E o progresso dela na jornada é a maior prova disso.

A Guerilla disponibilizou três caminhos para os jogadores gastarem seus pontos de experiência, obtidos por meio de missões e eliminações de inimigos. Eles se assemelham ao sistema presente na franquia Far Cry, da Ubisoft, e focam em três aspectos: furtividade, ataque e colheita de itens. A escolha por uma via não impede, porém, de adquirir habilidades do trajeto vizinho.

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Um ponto que pode confundir, e não deveria, é a forma como os ícones são exibidos no mapa e o compasso que fica na parte superior da tela. Este último não oferece, a primeira vista, uma diferenciação entre uma missão que você precisa fazer e uma missão que você escolheu fazer. A perturbação é compensada pela maneira harmônica como as informações exibidas pelo Foco, aparelho posicionado na orelha de Aloy e que consegue projetar imagens no seu campo de visão. O dispositivo ajuda a identificar presas, inimigos e mostra o trajeto que eles percorrem, e adiciona uma camada interessante de interação entre a tecnologia e a brutalidade do mundo de Aloy,

A história principal pode ser percorrida em cerca de 30 horas e foi construída de uma maneira equilibrada, sem se arrastar no meio ou correr para fechar as pontas soltas no final. Apesar de ser possível percorrê-la da maneira mais rápida possível, o bacana é intercalá-la com missões secundárias e até mesmo com uma exploração. Essa dosagem garante que você irá absorver a experiência de Horizon Zero Dawn em diversas formas.

Não sou fã de frases do tipo “é um dos melhores jogos da história” ou “vai redefinir todo um gênero de jogos”, mas posso dizer que Horizon Zero Dawn mostrou-se ser uma experiência maestral, tanto pelo temática quanto pela essência, e está pronto para fazer um ressonante estrondo.

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