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A origem dos 15 sobrenomes brasileiros mais populares

Silva, Santos, Lima, Oliveira... Da vegetação ao calendário, a inspiração para eles saiu dos mais diversos lugares. Confira.

Por Yuri Vasconcelos
Atualizado em 22 fev 2024, 10h22 - Publicado em 8 set 2016, 17h36

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Quando se tornou necessário criar mais distinções para as pessoas não se confundirem umas com as outras, o homem olhou para a vegetação, para a geografia e para onde mais houvesse inspiração. O resultado: uma mistura de sobrenomes que já têm vários séculos de idade.

Na lista abaixo, saiba quais são os mais presentes entre a população brasileira e como eles surgiram. Vale dizer: como não há listagem oficial dos sobrenomes mais comuns no Brasil, o ranking a seguir é baseado em dados da Telefônica Vivo (SP). Os dados são referentes a 2013, ano original de publicação desta reportagem.

1. Silva

Origem – Portugal
Quantidade em SP – 698.448

Acredita-se que surgiu no Império Romano para designar moradores de regiões de matas – “silva”, em latim, é “selva”. Trazido ao Brasil pelos colonizadores, foi adotado também por escravos libertos. O registro mais antigo por aqui é de 1612.

2. Santos

Origem – Portugal
Quantidade em SP – 426.453

Sua origem é religiosa: era dado, em Portugal, a quem nascia no dia 1º de novembro – o Dia de Todos os Santos. Cristãos-novos (judeus convertidos que viviam na Península Ibérica) também o adotaram para fugir da Inquisição.

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3. Oliveira

Origem – Portugal
Quantidade em SP – 244.173

O primeiro português a usar este sobrenome seria dono de uma vasta plantação de oliveiras, a árvore que produz a azeitona. O mais remoto membro da família é o lusitano Pedro de Oliveira, que viveu há cerca de 700 anos. Uma oliveira pintada de verde figura no centro do brasão.

4. Souza (e Sousa)

Origem – Portugal
Quantidade em SP – 232.295

É derivado do latim (“saxa”) e quer dizer “seixos” ou “rochas”. O nome pertenceu a uma família portuguesa que tinha ancestrais entre os visigodos, povos bárbaros do norte da Europa. Tomé de Souza, primeiro governador-geral do Brasil, foi um membro ilustre.

5. Lima

Origem – Portugal
Quantidade em SP – 108.139

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A maior hipótese é que o sobrenome venha do rio espanhol Limia. A palavra celta significaria esquecimento: segundo a lenda, quem atravessasse Limia perderia a memória. Em Portugal, uma das primeiras famílias foi a de dom João Fernandes de Lima, senhor das terras de Limia.

6. Pereira

Origem – Portugal
Quantidade em SP – 94.451

Ao que tudo indica, é uma referência a uma propriedade que tinha uma plantação de peras, a Quinta de Pereira, localizada ao norte de Portugal. O primeiro a usá-lo foi um rico e poderoso senhor do século 13 chamado Dom Gonçalo Pereira.

7. Ferreira

Origem – Espanha
Quantidade em SP – 82.016

É uma referência a um lugar onde há ferro ou uma mina de ferro. Dom Álvaro Rodrigues Ferreira, que viveu na Espanha por volta de 1170, é, até onde se sabe, a pessoa mais antiga a ostentá-lo. No Brasil, foi introduzido por mais de uma centena de famílias diferentes.

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8. Costa

Origem – Portugal
Quantidade em SP – 76.432

Estudiosos acreditam que seja um sobrenome de origem geográfica: era usado para designar quem nascia em localidades junto ao mar (na costa), em oposição aos Silva, que viviam no interior.

9. Rodrigues

Origem – Portugal e Espanha
Quantidade em SP – 71.231

Nome medieval, surgido nos séculos 14 e 15. O sufixo “es” (em Portugal) ou “ez” (na Espanha) identifica o parentesco paterno. Rodrigues, portanto, significa “filho de Rodrigo”. Já Rodrigo vem do germânico Hrod-rich, que significa “rico em glória”.

10. Almeida

Origem – Portugal
Quantidade em SP – 62.814

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A palavra, de origem árabe, é composta do artigo definido “al” e do substantivo “ma¿ida” (“mesa”). Foi adotada como sobrenome em Portugal, onde pode ter assumido sentido geográfico: seria uma referência a chão plano ou planalto.

11. Nascimento

Origem – Portugal ou Holanda
Quantidade em SP – 60.145

Seria uma homenagem ao nascimento de Cristo: muitas crianças nascidas em 25 de dezembro o recebiam. Mas também pode vir do sobrenome Nassau, comum na Holanda. Nos países ibéricos, pessoas com Nassau como primeiro nome recebiam o sobrenome Nascimento.

12. Alves

Origem – Portugal
Quantidade em SP – 54.994

Abreviação de Álvares, que significa “filho de Álvaro” portanto, um sobrenome patronímico (derivado do nome do pai). Certos historiadores acreditam que também possa vir de “alvar”, uma espécie de carvalho. Nesse caso, Álvares seria um lugar abundante em carvalhos.

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13. Carvalho

Origem – Portugal
Quantidade em SP – 50.592

Os registros mais antigos remontam ao século 12. Faz referência à árvore de mesmo nome e é provável que seu primeiro adepto morasse perto de um carvalho. Boa parte dos Carvalho são judeus ibéricos convertidos, ou seja, que adotaram o sobrenome depois de sua origem.

14. Araújo

Origem – Portugal e Espanha
Quantidade em SP – 49.024

Acredita-se que tenha surgido na Galícia, região ao norte da Espanha que faz fronteira com Portugal. Rodrigues Anes de Araújo, senhor do Castelo de Araújo, que ficava por lá, foi provavelmente a primeira pessoa a usar o sobrenome, por volta do século 13.

15. Ribeiro

Origem – Portugal
Quantidade em SP – 48.821

Tem origem no latim “ripariu”, que significa “rio pequeno” ou “riozinho”. Era adotado por pessoas que moravam em terras perto de cursos d’água. Em Portugal, a família é de origem nobre e um de seus primeiros membros foi dom Ramiro, último regente do reino de Leão.

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Conheça as principais fontes de inspiração dos primeiros sobrenomes

Ocupação – No começo, muita gente escolheu sobrenomes que identificavam a profissão. É daí que vêm designações como Hunter (“caçador”, em inglês) e Carpenter (“carpinteiro”).

Localidade – Extremamente comuns, os sobrenomes toponímicos faziam referência a um lugar ou acidente geográfico onde a pessoa vivia. Exemplos: Fontes, Campos, Matos, Pinheiro, Ribeiro, Rocha, Costa, Silva…

Características – Traços físicos (“Pequeno”, “Longo”, “Forte”) também foram usados, assim como os de personalidade. Por exemplo: “Fox”, que quer dizer “raposa” em inglês, era usado para alguém considerado astuto ou inteligente, e “Fish” (“peixe”) para um bom nadador.

Religião – Em países com forte influência religiosa, como Portugal, Itália e Espanha, era comum a adoção de designações religiosas, como Aleluia, Anjos, Assunção, Batista, Trindade e Graça, às vezes até como prenome.

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+/- 2850 a.C. – Os sobrenomes passaram a ser usados há quase 5 mil anos, na China. Por volta de 2850 a.C., a população cresceu demais e já não dava para as pessoas terem um nome só. O Império Fushi então obrigou os chineses a ter três: um próprio, um da família e um terceiro extraído de um poema.

+/- 500 a.C. – No Ocidente, o hábito foi adotado primeiro no Império Romano. Eles usavam três nomes: o “praenomen” (nome próprio), o “nomen” (que designava o clã ao qual pertenciam) e o “cognomen” (nome de família). Quando os romanos entraram em decadência, o uso dos sobrenomes caiu em desuso.

+/- 1000 d.C. – Durante a Idade Média, com o crescimento da população, os sobrenomes ressurgiram na Europa. Era uma forma de identificar melhor as pessoas. Foram usados primeiro por nobres e senhores feudais e, depois, por comerciantes e plebeus. O mais comum eram os sobrenomes patronímicos, que fazem referência ao nome do pai.

+/- 1500 d.C. – No Brasil, os sobrenomes chegaram com a colonização. Cerca de 95% vieram de outros países, como Portugal, Japão, Alemanha e Espanha. Os 5% restantes têm origem indígena, como Capanema ou Pirajá. Muitos escravizados libertos incorporaram os sobrenomes de seus antigos proprietários.

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Conheça os três sobrenomes mais comuns em alguns países do mundo

Alemanha – Müller, Schmidt, Schneider
Argentina – González, Rodriguez, Gómez
Canadá – Li, Smith, Lam
China – Wang, Li, Zhang
EUA – Smith, Johnson, Williams
França – Martin, Bernard, Dubois
Inglaterra – Smith, Jones, Taylor
Itália – Rossi, Russo, Ferrari
Japão – Sato, Suzuki, Takahashi
Portugal – Silva, Santos, Ferreira
Países árabes – Ali, Ahmedi, Ahmad

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Árvores e bichos

Para fugir da Inquisição, muitos judeus e muçulmanos que viviam em Portugal e Espanha nos séculos 15 e 16 converteram-se ao catolicismo. Eles mudaram seus sobrenomes para coisas da natureza, como Leão, Carneiro e Pinheiro embora essas nomenclaturas não sejam exclusivas deles.

União pelo sangue

Não há sobrenome mais popular no Brasil do que Silva, mas essa não é a maior família do país, pois se divide em vários grupos familiares distintos. A maior família com laços consanguíneos é a dos Cavalcanti, de Pernambuco. Por lá, reza a lenda que “ou se é Cavalcanti, ou se é Cavalgado”.

Nobres canibais

Para alguns grupos indígenas que viviam na época do Brasil colônia e praticavam o canibalismo ritualístico, sobrenome era uma questão de aquisição: eles iam agregando os das pessoas que comiam. Todos nasciam com apenas um e iam colecionando ao longo da vida a quantidade era motivo de orgulho.

Assinatura em peso

A família imperial brasileira sempre teve nomes quilométricos (d. Pedro I tinha mais de 15 sobrenomes). Era uma forma de homenagear os antepassados mais próximos e um hábito da nobreza europeia como um todo, que gostava de incorporar o nome de pais, tios e avós aos novos membros da família

Fontes: Dicionário das Famílias Brasileiras, de Carlos Barata e Cunha Bueno; e sites Origem do Nome, Recanto das Letras e Geologia Carvalho. Consultoria: Marcelo Amaral Bogaciovas, genealogista e presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia (Asbrap).

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