A vida secreta de Walt Disney
Ele criou um mundo mágico. Mas muitas especulações pintam uma vida infeliz, com brigas em família, desavenças no estúdio, vícios, preconceitos e segredos.
Maltratado como Cinderela
Na infância, o pai de Walt Disney lhe dava tantas surras de chicote que o garoto chegou a duvidar que ele era mesmo seu pai. Há rumores de que o menino foi adotado e era fruto de um caso extraconjugal entre a lavadeira espanhola Isabelle Zamora e um médico. Aí, há divergências: algumas fontes dizem que o homem era José Guirao; outras, que ele se chamava Ginés Carillo.
Explosivo como Donald
No trabalho, Walt era um carrasco. Funcionários eram demitidos se falassem palavrão – mesmo que fosse só “inferno”. Nos corredores, era chamado de tirano. Para piorar, há quem diga que ele era um artista medíocre, o que explica por que teria se apossado de méritos alheios. Foi o caso do Mickey Mouse – seu cocriador, Ub Iwerks, acabou como mero subalterno de Walt.
Alterado como Alice
Embora proibisse álcool nos estúdios, vários biógrafos dizem que Walt era alcoólatra. Seu café da manhã favorito seriam roscas frescas molhadas no uísque. Várias vezes, a bebedeira teria afetado o casamento com Lilian Bounds. Também fumava quatro maços por dia e, à noite, só dormia com sedativos e goles de scotch. O mix comprometia sua fala, seus movimentos e seu temperamento.
Gelado como Elsa
Nos 41 anos de relação com Lilian, as discussões podiam ser ouvidas a distância pelos vizinhos (e há boatos de que uma briga terminou com ela de queixo quebrado). Um dos motivos poderia ser sua suposta infertilidade ou impotência – eles levaram oito anos para conseguir ter filhos. Um dos tratamentos exigia manter gelo nos órgãos genitais por várias horas seguidas.
Cruel como a Madrasta
Walt sempre quis um filho homem, mas não conseguiu. Isso explicaria, por exemplo, seu desprezo por Sharon Mae, adotada por pressão de Lilian em 1936. Ignorava os choros da criança e preferia passar as noites no estúdio. Na primogênita, Diane, deu um tapa quando ela disse que iria se tornar católica. E, quando morreu, não deixou o estúdio para nenhuma das duas filhas.
Ambíguo como Mickey
Há outra teoria para seus dramas no casamento: sua orientação sexual. Algumas biografias sugerem que, na infância, ele gostava de se vestir com as roupas da mãe. Adulto, teria tido casos com os atores Spencer Tracy e James Dean. Mesmo assim, usava ofensas homofóbicas. Durante a produção de Fantasia, teria chamado o desenhista Arthur Babbitt de “bicha”.
Traidor como Jafar
Durante 25 anos, Walt trabalhou como informante do FBI em Hollywood, espionando colegas e denunciando atividades “subversivas”, como a organização de sindicatos. Dedurou até animadores de seu estúdio, por liderarem reivindicações por melhores condições de trabalho. Chegou a exigir que o nome de um deles fosse apagado dos créditos de todos os seus filmes.
Totalitarista como Scar
Controvérsia pesada: Walt teria frequentado reuniões e comícios do Partido Nazista Americano. Uma das evidências seria o convite, em 1938, para que Leni Riefenstahl, cineasta oficial de Adolf Hitler, conhecesse seus estúdios. Também recebeu críticas da comunidade judaica por ter disfarçado o Lobo Mau de Os Três Porquinhos como um estereótipo de vendedor ambulante judeu.
Por outro lado…
Pontos da biografia do cineasta contradizem as principais acusações
– Sua “origem espanhola” foi inventada pelo diretor do FBI, J. Edgar Hoover, para manipular sua lealdade.
– Walt também sabia ser generoso com sua equipe. Quando Branca de Neve e os Sete Anões se tornou um grande sucesso, distribuiu US$ 750 mil entre os empregados. Esse tipo de bônus era praticamente inexistente em Hollywood.
– Em 1942, Walt lançou o curta animado A Face do Führer, em que Donald zomba abertamente do líder nazista Adolf Hitler.
– Alguns biógrafos indicam que Walt participou das reuniões do Partido Nazista apenas para tentar reverter a proibição da exibição de seus filmes nos países controlados por Hitler.
– No início dos anos 1950, Walt admitiu, pela primeira vez, que nunca havia desenhado Mickey. Sua genialidade não era técnica, e sim artística, na criação do conceito dos personagens, na condução das tramas e na estética geral das animações. Isso sem falar, claro, no tino comercial e na habilidade marqueteira.
– Quando recebeu o prêmio Milestone, em 1957, fez questão de dividir os holofotes com o irmão Roy, com quem havia brigado.
– Ainda faltam evidências contundentes que provem que ele fosse homossexual. As alegações ainda estão no terreno da especulação.
FONTES Livros Walt Disney – O Príncipe Sombrio de Hollywood, de Marc Eliot, Walt Disney, Prazer em Conhecê-Lo, de Ginha Nader, e Walt Disney – O Triunfo da Imaginação Americana, de Neal Gabler; site The Guardian