As maiores burradas da geografia e da engenharia de todos os tempos
Cálculos toscos e medidas erradas que mudaram o curso da história
ilustra Rômolo
edição Felipe van Deursen
Acredite: mesmo os maiores líderes militares, cientistas e artistas do mundo já cometeram presepadas vergonhosas. Conheça 46 casos inacreditáveis de pisadas na bola
GEOGRAFIA CONFUSA
Cálculos toscos e medidas erradas que mudaram o curso da história
Somos todos Colômbia
Colombo é considerado “descobridor”da América, mas o continente tem o nome do explorador Américo Vespúcio. Isso porque Colombo teimou que o planeta era menor e ele chegara à Ásia. Já Vespúcio concluiu, no Brasil, que aquele litoral era uma terra nova, não a Ásia. Ou seja, se Colombo tivesse acertado, talvez a América seria batizada de Colômbia. E o Brasil se chamaria América
Pensaram pequeno
Os holandeses poderiam ter colonizado a Austrália. Quando chegaram ao continente, no século 17, achavam que estavam diante de um deserto inútil e pequeno. É bem provável que portugueses e franceses tenham pensado o mesmo ao desembarcar ali. Foi apenas um século depois, em 1770, que o navegador James Cook reclamou para os britânicos a posse da região
O que vale é a intenção
A quádrupla divisa de Utah, Colorado, Arizona e Novo México, nos Estados Unidos, é marcada por uma placa no chão. Só que ela está no lugar errado, a 500 m da fronteira. O erro foi percebido apenas em 2009. Os estados concordaram em ignorar a posição oficial e respeitar a obra. A fama de ruindade de geografia dos norte-americanos, pelo visto, não é à toa
Por baixo ou por cima?
Nos anos 1550, Martim Afonso de Souza fez de tudo para chegar ao Peru pelo atual Paraguai. Os portugueses achavam que o caminho era mole. Mas, após dois naufrágios, desistiram. Se Souza tivesse tentado pela Amazônia (caminho mais longo, mas menos penoso), o Peru poderia ser colônia portuguesa. E você não precisaria do portunhol em Machu Picchu!
MAIS UMA CURIOSIDADE
– Por mais de 200 anos, os colonizadores espanhóis acharam que a Califórnia era uma ilha!
NÃO TEVE CONSERTO
Obras polêmicas e tragédias que poderiam ter sido evitadas
Pau que nasce torto…
O engenheiro da Torre de Pisa, Bonnano Pisano, escolheu um solo cheio de argila e areia e mandou construir fundações insuficientes. Logo no início da obra, em 1173, a torre já começou a pender e nunca mais foi arrumada. Assim, o mundo ganhou um ponto turístico
Trem da morte
A Madeira-Mamoré era para ser uma ferrovia importante para a exportação de borracha na Amazônia. Mas os operários enfrentaram chuvas, doenças e acidentes. A obra acabou em 1912, quando o mercado brasileiro de borracha estava em declínio. A ferrovia foi desativada, deixando cerca de 10 mil operários mortos e um prejuízo bilionário
Represa de lama
Obra faraônica é com o Egito. Às vezes, o resultado é uma inhaca. No século 20, o país construiu a represa de Aswan, que levou dez anos para ficar pronta, desabrigou 100 mil pessoas e matou 50 trabalhadores. A obra alterou o curso do Rio Nilo e provocou danos à agricultura a centenas de quilômetros. Para piorar, alagou dezenas de sítios arqueológicos pouco estudados
Mata-mata
Nas estimativas mais confiáveis, já morreram 1.200 pessoas durante as obras para a Copa do Mundo de 2022, no Catar. Os trabalhadores, na maior parte imigrantes, são submetidos a jornadas diárias de 12 horas e falta de equipamentos de segurança. Parabéns, Fifa!
Cidade fênix
Na década de 1960, Chennai, uma das cidades mais antigas da Índia, passou por uma série de reformas para se transformar em um polo industrial. Rios drenados, matas derrubadas e grandes áreas asfaltadas foram a receita da desgraça. A cada dez anos, em média, a cidade é arrasada por enchentes. E é reconstruída depois – nos mesmos moldes. Repetir o mesmo erro é o quê, mesmo?
Palácio desertificado
Inaugurado em 2014 para ser a nova residência presidencial da Turquia, o Palácio Ak Saray derrubou 140 mil m2 de árvores centenárias para ser erguido. A população não gostou, e a natureza menos ainda. A devastação causada pela nova casa de Recep Erdogan deixou a região mais sujeita a ondas de calor e enchentes
Isso é que é economia porca
Durante um duelo entre gladiadores nos arredores de Roma, em 27 d.C., a parte superior do anfiteatro ruiu. A tragédia matou aproximadamente 20 mil pessoas. A arena havia sido bancada por um empresário da cidade, Atilius, que foi muquirana: a área que ruiu era de madeira! Atilius acabou banido do Império Romano
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