Como é construído um aterro sanitário?
Basicamente escolhe-se um terreno grande e vazio onde o lixo vai sendo acumulado em camadas. Mas esse processo é muito mais complicado do que parece. A primeira – e principal – dificuldade é selecionar o local do aterro. É preciso apresentar um estudo de impacto ambiental e obter licenças para instalar e operar o depósito […]
Basicamente escolhe-se um terreno grande e vazio onde o lixo vai sendo acumulado em camadas. Mas esse processo é muito mais complicado do que parece. A primeira – e principal – dificuldade é selecionar o local do aterro. É preciso apresentar um estudo de impacto ambiental e obter licenças para instalar e operar o depósito de lixo – já no projeto de instalação, os operadores do aterro precisam deixar claro, por exemplo, como ele será fechado, depois de pelo menos dez anos. Há até uma audiência pública para ouvir as pessoas que moram nos arredores do terreno escolhido. Esse processo demora anos. Aí começa, de fato, a construção do aterro (veja no infográfico abaixo). A maioria dos aterros é municipal, mas a operação fica por conta de empresas concessionárias, que geralmente são as mesmas responsáveis pela coleta de lixo na cidade. Lixo industrial e hospitalar é depositado em aterros específicos, cujo processo de instalação e operação é ain-da mais complexo.
Um aterro pode atingir até 100 metros de altura
1. O aterro começa com a escavação de um grande buraco. Mas, antes disso, o solo é perfurado até o lençol freático para verificar se não é arenoso demais e calcular o limite da escavação: o fundo não pode ficar a menos de 2 metros do lençol
2. Tratores compactam a terra do fundo do buraco. Sobre o solo compactado é colocada uma espécie de manta de polietileno de alta densidade e, sobre ela, uma camada de pedra britada, por onde passam os líquidos e gases liberados pelo lixo. A cada 5 metros de lixo é feita uma camada de impermeabilização
3. Para drenar o percolado (líquido que sai do lixo misturado à água da chuva) a cada 20 metros são instaladas calhas de concreto, que levam a mistura nojenta até a lagoa de acumulação
4. Para evitar que alguém jogue lixo clandestinamente ou que algum desavisado entre no aterro, a área é toda cercada. Em São Paulo, por exemplo, é obrigatório criar um cinturão verde de pelo menos 50 metros de largura ao redor do aterro, com vegetação nativa
5. O lixo solta gases, que são captados por uma rede de tubos verticais cheios de furinhos. Por esses canos, os gases sobem e chegam à superfície do aterro. Alguns gases são recolhidos em tambores e outros são liberados na atmosfera – o metano, em contato com o ar, pega fogo
6. Engenheiros calculam que cada metro cúbico de lixo pesa cerca de 0,6 tonelada. Cada camada do aterro tem 5 metros de altura: 4 metros de lixo e 1 metro de terra, brita e a manta de polietileno. Em cidades pequenas, o limite é de três camadas, mas nas metrópoles elas chegam a 20
7. O percolado, aquele líquido que escorre da montanha de lixo, é tratado no próprio aterro e lançado no esgoto ou, como acontece em São Paulo, é recolhido em um “piscinão” e transportado em caminhões para uma estação de tratamento de esgoto
8. Balanças parecidas com aquelas que vemos nas estradas controlam a quantidade de lixo que chega ao aterro em cada caminhão. Caminhões coletores como os que vemos nas ruas carregam de 7 a 9 toneladas, mas há carretas capazes de levar até 40 toneladas por viagem
9. Esta é a área responsável por coordenar e monitorar as atividades do aterro. É aqui também que se avalia se já é hora de encerrar as atividades do aterro e encomendar a construção de um novo
10. Quando o aterro esgota sua capacidade, é preciso fechá-lo. A maior parte deles dá origem a áreas verdes de conservação. Como o gás e o percolado continuam sendo gerados por pelo menos 15 anos, não se recomenda que o terreno seja usado para construções