Como é escolhido o nome dos carros?
É um processo que corre em paralelo ao desenvolvimento do novo carro. O brainstorming envolve publicitários, executivos, desenhistas e engenheiros. A regra básica é que o nome reflita a personalidade do carro – a idéia é fazer o consumidor associar o carro, ainda que inconscientemente, aos valores simbolizados pelo nome do modelo. Alguns exemplos: se […]
É um processo que corre em paralelo ao desenvolvimento do novo carro. O brainstorming envolve publicitários, executivos, desenhistas e engenheiros. A regra básica é que o nome reflita a personalidade do carro – a idéia é fazer o consumidor associar o carro, ainda que inconscientemente, aos valores simbolizados pelo nome do modelo. Alguns exemplos: se for um esportivo, vai bem um nome de animal ágil (Jaguar, Corcel…) ou ligado ao universo das corridas (como os Porsches Targa, referência à prova italiana Targa Florio, e Carrera, homenagem à Carrera Panamericana, histórica competição de resistência no México). Se for um carro mais classudo, que tal um nome derivado da mitologia grega (Clio, Apollo)? Claro que esse “batismo pela personalidade” tem exceções: empresas como as alemãs Mercedes-Benz e Audi preferem denominações mais sóbrias, usando apenas combinações de números e letras para nomear seus modelos. “Ultimamente, a maioria das montadoras usa a mesma denominação dos modelos no exterior”, afirma o especialista em marketing Paulo Sérgio Quartiermeister, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo. Às vezes, a adaptação exige atenção para as diferenças culturais ou de idioma. A montadora italiana Alfa Romeo, por exemplo, teve de trocar a denominação de seu modelo 164 antes de exportá-lo para Cingapura – na numerologia local o número significa “morte no decorrer de uma viagem”! O nome foi mudado para Alfa Romeo 168, com significado de “prosperidade durante toda a jornada”. A GM teve menos sorte, ao descobrir depois do lançamento que, no México, o modelo Nova era lido como No Vá, ou seja, “não anda”…
Filhas, deusas gregas e o famoso “embromation” já deram nomes a automóveis
MERCEDES
Registrada como marca comercial na Alemanha em 1902, Mercedes era o nome da filha de um vendedor de carros que foi o primeiro cliente a encomendar um automóvel equipado com o recém-desenhado motor da companhia Daimler. O motor, então, foi batizado de Daimler-Mercedes, numa homenagem ao cliente
FUSCA
Em 1953, quando a Volkswagen começou a montar o carro com peças importadas, os operários não conseguiam falar direito o nome em alemão. Para facilitar, adotou-se “Volks”, mas a dificuldade continuava com o som do “V” (falado como “F” em alemão). A sabedoria popular simplificou para Fusca, apelido carinhoso logo adotado pela empresa
GOL
A Volkswagen tem uma tradição de escolher nomes associados ao esporte, para transmitir idéias de força, vigor, competitividade. A empresa já produzia o Golf na Europa. Mas, ao lançar o modelo no Brasil, a fábrica abandonou a polidez dos tacos e arrancou o “f” final, usando um termo do esporte mais popular no país
BRASÍLIA
A idéia era homenagear o governo Juscelino Kubitschek, pioneiro da indústria automobilística no Brasil – além de associar o carro, que tinha projeto 100% brasileiro, ao arrojo e modernismo da nova capital, principal obra do “presidente bossa-nova”
FIESTA
Ao selecionar esse nome em espanhol, a Ford procurava passar o conceito de alegria, sensualidade, dinamismo e jovialidade, evocando a imagem de uma animada festa (fiesta) hispânica
ASTRA
A estratégia da Chevrolet foi escolher um nome ligado à astronomia para associar o carro aos conceitos de alta tecnologia (corrida espacial) e estética apurada (a beleza do Universo). A busca por elegância também aparece na escolha do nome Prisma (um cristal transparente)
CLIO
Ao optar por um nome retirado da mitologia grega (Clio era a musa da poesia épica e da história), a Renault procurou associar o carro à harmonia clássica, num esforço para dar tons eruditos a um veículo supostamente ideal para consumidores inteligentes, de personalidade e exigentes quanto à qualidade
TWINGO
Neologismo (palavra nova numa língua) criado por publicitários e especialistas em marketing contratados pela Renault para bolar nomes para seus carros. A palavra, segundo a própria empresa, “evoca a felicidade e a alegria de viver, valorizando a simpatia”
CIVIC
Escolhido pela montadora japonesa Honda para denominar um carro politicamente correto, que não desperdiça combustível, polui pouco e tem tamanho que não contribui para engarrafamentos de trânsito. Um cidadão exemplar, cheio de senso cívico, consciente de seus direitos e deveres
PALIO
O nome procura transmitir idéias de velocidade, vigor e competitividade. Palio é uma tradicional corrida de cavalos na Itália, realizada desde 1238 na cidade de Siena e que acontece também em outras cidades italianas, como Verona e Bolonha