Ela não teve um único pai, muito pelo contrário: foi desenvolvida simultaneamente por diversos inventores. Os primeiros passos foram dados no final do século XIX, quando se descobriu que a capacidade de conduzir energia elétrica de um elemento químico, o selênio, variava de acordo com a quantidade de luz que ele recebia. Em teoria, isso tornava possível transmitir, por correntes de eletricidade, imagens compostas de pontos de diferentes graus de luminosidade. A partir daí, um jovem estudante de engenharia, o alemão Gottlieb Nipkow, concebeu, ainda em 1884, o primeiro sistema de televisão. Segundo ele, uma espécie de câmera conteria um disco cheio de furos que giraria rapidamente.
A imagem de um objeto colocado diante dessa câmera atravessaria os vários furinhos e se dividiria em pontos mais claros ou escuros, de acordo com o contorno do objeto. Esses sinais luminosos seriam então captados por átomos de selênio e transformados em eletricidade.
Conectada a um aparelho receptor, a corrente elétrica acionaria uma lâmpada que acenderia e apagaria conforme os impulsos recebidos. Dentro do receptor, a luz intermitente da lâmpada passaria depois por um segundo disco perfurado, que rodaria na mesma velocidade da câmera. Ao atravessá-lo, a luz da lâmpada reproduziria na tela do aparelho receptor a imagem do objeto original. O projeto de Nipkow era brilhante, mas não chegou a sair do plano teórico. Colocá-lo na prática coube a outros inventores que, nas décadas seguintes, fizeram diversos experimentos baseados nas idéias de Nipkow, acrescentando novidades tecnológicas. Um dos primeiros a demonstrar um aparelho de TV para a comunidade científica foi o engenheiro escocês John Baird, em 1926.
Paralelamente a Baird, porém, outras máquinas foram desenvolvidas na década de 20, por nomes como os dos engenheiros Vladimir Zworykin (russo), Philo Farnsworth (americano) e Ernst Alexanderson (sueco). Somadas todas essas contribuições vindas de diferentes países, formou-se a televisão moderna, que, surpreendentemente, demorou a conquistar o público: dez anos após a demonstração de Baird, não havia mais do que 2 mil televisores no mundo. O grande boom aconteceria só após o final da Segunda Guerra Mundial. Em 1948, já havia mais de 350 mil aparelhos só nos Estados Unidos. Desde então, a TV não parou mais de proliferar e se desenvolver, passando pelo aparelho em cores e por modelos portáteis, até chegar aos equipamentos digitais de hoje, com alta definição e telas de plasma.
1926 – Pioneiro Britânico
Em Londres, o engenheiro John Baird apresenta para colegas cientistas uma das primeiras transmissões televisivas, com imagens de objetos em movimento. A tela não media mais de 8 por 6 centímetros. Na foto ao lado, tirada em 1954, Baird mostra a invençãojá velha
1940 – A vez da eletrônica
Na década de 40, os antigos aparelhos eletromecânicos perdem espaço para os eletrônicos, que usam canhões de elétrons para redesenhar as imagens, oferecendo melhor resolução. Um exemplo é o modelo Zenith acima, fabricado nos Estados Unidos
1951 – Adeus ao Preto-e-branco
A CBS lança nos Estados Unidosa primeira TV colorida viável comercialmente. A qualidade era boa, mas o modelo, ainda mecânico, revelou-se incompatível com a transmissão eletrônica em preto-e-branco. Três anos depois, em 1954, sairia a Westinghouse H-840CK15, a primeira TV eletrônica colorida
1959 – Menores e Melhores
Surge no Japão a primeira TV totalmente transistorizada: a portátil Sony TV8-301. A substituição das válvulas por transistores provocou uma incomparável revolução tecnológica, tornando os aparelhos eletrônicos menores e mais rápidos na hora de ligar
2002 – O Estado da Arte
A TV do terceiro milênio transmite vídeo digital, livre de interferências e chiados, com alta definição de imagem. Seu formato é mais comprido, como uma tela de cinema. A última palavra é a tela de plasma, tão fina que parece um quadro para pendurar na parede
Quando a nova tecnologia foi demonstrada publicamente na Feira Mundial de Nova York, em 1939, o jornal New York Times decretou: “A televisão nunca será competição séria para o rádio, pois as pessoas têm de ficar sentadas com os olhos colados à tela e a família americana não tem tempo para isso.” Em 1956, foi a vez de a revista Time afirmar: “A TV em cores é o mais retumbante fracasso do ano.”