Ele utiliza dois foguetes para se lançar com o piloto para fora do avião e depois dois paraquedas para cair em segurança. A ejeção é ativada manualmente e envolve o trabalho simultâneo de vários sistemas que garantem o funcionamento correto da ejeção e do pouso. É tudo muito rápido: entre o acionamento da alavanca e a abertura do paraquedas, passam cerca de quatro segundos apenas. O assento ejetor pode ser usado em qualquer avião, mas, na prática, é mais usado em aeronaves militares, porque é caro e nada prático instalar esses assentos em aviões de carreira. No Brasil, o mais utilizado é o MK-10, da fabricante Martin Baker.
Caindo fora
Foguetes impulsionam assento para o alto e sensores detectam hora de abrir paraquedas
1. Em uma situação de conflito, quando a aeronave é alvejada por um caça inimigo, por exemplo, o piloto decide sozinho quando ejetar – não há nenhum aviso vindo do painel. Ele então puxa uma alavanca conectada ao assento, dando início ao processo de ejeção
2. Logo que a alavanca é acionada, um sistema na parte de trás do banco, chamado de catapulta, dá o impulso inicial da ejeção utilizando ar pressurizado e os trilhos conectados à fuselagem do avião. Quando a catapulta é ativada, o banco do piloto desliza para cima por meio desses trilhos
3. Ao mesmo tempo em que a catapulta age, a alavanca aciona um mecanismo de retração das alças ao redor das pernas do piloto. Essas alças, que ficam folgadas enquanto não há ejeção, seguram as pernas do piloto junto ao banco, evitando que elas se choquem contra alguma parte do avião na subida
4. O teto de acrílico em cima do banco do piloto, o canopi, é disparado para fora automaticamente quando a alavanca é puxada, geralmente com a explosão dos parafusos que o prendem à aeronave. A força da corrente de ar se encarrega de tirar o canopi do caminho do assento
5. Após o impulso inicial da catapulta, dois foguetes são acionados embaixo do banco. São eles que movem o assento para fora do avião, podendo subir a até quase 60 m acima da aeronave, dependendo do modelo do banco e do peso do piloto. Os foguetes usam como combustível uma mistura de compostos químicos sólidos, de alumínio a carvão, dependendo do modelo
6. Atrás do banco, há um sensor de velocidade e altitude que calcula a hora certa de soltar os dois paraquedas. Se o piloto estiver em uma altitude acima de 4 500 m, o sistema atrasa o lançamento. Se velocidade e altitude forem muito baixas (menos de 460 km/h e de 3 500 m), não há tempo de soltar o paraquedas estabilizador, e só o principal é liberado
7. Guardados em um compartimento atrás da cabeça do piloto, os paraquedas são puxados para fora por um projétil atirado para cima. O paraquedas estabilizador mantém a posição vertical do assento, enquanto o principal suaviza a queda. As alças do artefato principal ficam presas ao piloto desde a decolagem, servindo como cinto de segurança
8. Ao se aproximar do solo, o piloto aciona um comando manual que afrouxa as travas que o prendem ao assento, deixando o banco cair, mas mantendo um kit de sobrevivência que ficava preso ao banco por uma corda. O kit tem material de primeiros socorros e um bote inflável, que é usado caso a queda seja sobre a água e abre automaticamente
CONSULTORIA – PAULO LOBO, ENGENHEIRO DE DESENVOLVIMENTO DA EMBRAER E PROFESSOR DE INSTRUMENTAÇÃO AERONÁUTICA DA UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ