Pergunta do leitor – Fernando de Almeida, Bento Gonçalves, RS
1. Os saltos mais comuns para iniciantes costumam ser realizados a partir de aviões monomotores de pequeno porte, na altura mínima de 3,6 km (12 mil pés). O equipamento está dobrado na mochila que o paraquedista leva nas costas. Em altitudes superiores, entre 15 e 20 mil pés, é necessário também o uso de tubos de oxigênio, pois o ar se torna mais rarefeito.
2. Com a adrenalina a mil, o paraquedista abandona o avião. A velocidade da queda vai aumentando até se estabilizar, após 12 segundos, em cerca de 200 km/h. Para se deslocar horizontalmente, ele usa a resistência do ar: se deixar os braços encolhidos e as pernas esticadas, o vento o empurra para a frente. Com braços esticados e joelhos totalmente dobrados, é levado para trás.
3a. Recomenda-se que iniciantes devem acionar o equipamento quando atingirem entre 1,5 km e 1 km de altura, após cerca de 45 segundos de queda livre. Até dez anos atrás, puxava-se uma cordinha (a ripcord). Ela liberava uma trava ou sequência de travas que ativava uma mola propulsora sob um “miniparaquedas”, conhecido como piloto (ou pilotinho).
3b. Hoje, há um método em que o próprio paraquedista libera a mola manualmente. Ele é bastante popular entre quem tem receio de se enroscar na ripcord. Caso algo dê errado (o saltador ficar inconsciente, por exemplo), um paraquedas de emergência é liberado automaticamente, geralmente a 750 pés do chão, por um instrumento que mede velocidade e pressão atmosférica.
4. O ar enche o pilotinho, criando uma resistência que puxa o velame – o paraquedas principal. Uma peça chamada slider, presa nos cabos, impede que ele se enrole ao abrir. Nas versões mais comuns, o velame tem cerca de 15 m de comprimento e é feito de náilon. Rola até uma versão com trançado quadriculado que impede que eventuais rasgos se alarguem durante a queda.
5. O paraquedas funciona graças à resistência do ar. Qualquer objeto puxado pela gravidade abre caminho pelas moléculas do ar, que precisam ser “empurradas” para fora da trajetória. O formato do velame prende essas moléculas e elas criam uma força de resistência de baixo para cima, que compensa parcialmente a força da gravidade no sentido contrário.
6. Com o paraquedas aberto, a velocidade de voo fica em torno de 30 km/h. Dá para “dirigir” usando os batoques: tiras ligadas por linhas direcionais à cauda do velame. Para fazer uma curva para a esquerda, por exemplo, é só puxar para baixo suavemente o batoque desse lado. No pouso, puxam-se ambos: isso empina o velame, criando uma espécie de freio.
Geometria espacial
Cada formato tem um benefício ou uso específico
Redondo
Foi o primeiro a se popularizar, no século 18. É usado atualmente para entregar provisões (como comida, roupas e remédios) em áreas críticas.
Retangular
Permite maior tempo de planagem (portanto, ideal para recreação) e pousos precisos (por isso, também é usado por algumas Forças Armadas).
Cruciforme
O velame em forma de cruz tem sido o mais utilizado pelas Forças Armadas dos EUA desde 2000, por reduzir bastante a oscilação.
FONTES: Livros Parachuting: The Skydiver¿s Handbook, de Dan Poyter e Mike Turoff, e Defying Gravity: Land Divers, Roller Coasters, Gravity Bums, and the Human Obsession with Falling, de Garrett Soden; sites Buzzle, U.S. Military, Today¿s Military, Explain That Stuff, Popular Mechanics e Confederação Nacional de Paraquedismo
CONSULTORIA:Rodrigo “Rodrão” Castilho e Julio Peres, instrutores de salto da Queda Livre Paraquedismo (Boituva-SP)
Veja também:
+ Quem são os bichos que voam mais longe sem ter asas?