Como funciona uma estação de tratamento de água?
As estações de tratamento usam filtros e vários produtos químicos para limpar a água que sai pelas torneiras das casas. Todo esse cuidado não é pra menos. A água captada de rios ou represas vem com folhas, peixes, lodo e muitas bactérias. Para chegar às casas limpa e sem cheiro, ela passa cerca de três […]
As estações de tratamento usam filtros e vários produtos químicos para limpar a água que sai pelas torneiras das casas. Todo esse cuidado não é pra menos. A água captada de rios ou represas vem com folhas, peixes, lodo e muitas bactérias. Para chegar às casas limpa e sem cheiro, ela passa cerca de três horas dentro de uma estação de tratamento (ETA), o que inclui fases de decantação da sujeira, filtragem e adição de cloro e flúor, entre outras etapas. Segundo dados do IBGE, essa superoperação de limpeza atende a maior parte da população do país: 80% dos brasileiros têm acesso à água tratada. Tão complicado quanto o tratamento é a captação de água para abastecer uma grande cidade. No estado de São Paulo, por exemplo, a rede de reservatórios conectados que abastece a capital paulista é tão grande que a água que sai das represas mais distantes pode levar até 30 dias para chegar a uma ETA da capital. No infográfico ao lado, você vê como funciona a maior das 197 ETAs de São Paulo, a de Guaraú, que fica na zona norte da capital e abastece 8,1 milhões de pessoas!
Cal, flúor e cloro são empregados na operação limpeza da ETA
1. A captação de água mais distante para abastecer a ETA de Guaraú é na represa Jaguari-Jacareí. A água passa por 48 km de túneis, por outras quatro represas e ainda por uma estação elevatória, onde é bombeada 120 m terreno acima. Assim, ela desce com grande pressão até a ETA
2. Válvulas controlam o fluxo de água que entra na estação. Ao chegar, a água vai direto para um tanque enorme, a bacia de tranqüilização, onde diminui de velocidade. A seguir, passa por grades que retêm sujeiras maiores, como folhas, galhos, troncos e até peixes
3. Na tal bacia dosadores despejam cloro na água para deixar os metais menos solúveis e para destruir microorganismos. De lá, a água vai para o canal de coagulação, onde outros dosadores liberam sulfato de alumínio para desestabilizar as partículas de sujeira
4. A etapa seguinte é a floculação. Em tanques menores, válvulas provocam uma suave turbulência na água. Com o agito, as partículas de sujeira desestabilizadas colidem umas com as outras e vão se unindo, formando flocos maiores
5. A água segue da floculação para uma espécie de grande piscina, o decantador, onde fica retida por cerca de 90 minutos. Esse é o tempo necessário para a decantação, ou seja, para os pesados flocos de sujeira descerem até o fundo da “piscina”, formando um tipo de lodo
6. Em cada decantador há duas grandes pás. Com movimentos lentos, elas arrastam a sujeira afundada para o centro do decantador, onde há uma saída para um poço. A cada duas horas, o lodo acumulado no poço é bombeado para um canal de esgoto
7. A água da superfície do decantador é recolhida por canaletas e levada a dezenas de filtros verticais: a água entra por cima deles e sai por baixo. Cada filtro tem camadas de carvão, areia, pedregulho e cascalho que retêm o que resta de sujeira na água
8. A água filtrada vai para um canal onde recebe mais cloro, cal e flúor. O cloro garante que a água chegue desinfetada até a casa mais distante da ETA. A cal eleva o pH, o que impede a corrosão dos canos da rede de abastecimento. Já o flúor previne as cáries na população
9. Terminado o tratamento, a água vai para um reservatório, de onde saem adutoras – grandes tubulações – que distribuem a água para a cidade. Todo esse processo é monitorado 24 horas por dia por funcionários da ETA
Mesmo com o tratamento, matar a sede direto da torneira tem seus riscos
A água que sai das ETAs é totalmente potável. Portanto, teoricamente, quem mora em cidades abastecidas com água tratada poderia matar a sede direto da torneira.
O problema é que na maioria das casas e prédios a água da rua fica em caixas-dágua que, se não forem mantidas limpas, podem contaminá-la. “Se a caixa não estiver bem fechada, pode cair sujeira e até permitir a entrada de pequenos animais como ratos”, diz Simone Gonçalves, química da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A recomendação é manter a caixa-dágua bem fechada e limpá-la a cada seis meses.