Você tem que praticamente entrar em uma se quiser acompanhar. Não é exagero. Elas acontecem a cerca de dois ou três quilômetros da costa. Então o único jeito é ficar em barcos que a organização monta para abrigar a torcida. E mesmo assim não é fácil. Primeiro, o circuito geralmente é delimitado por apenas três bóias, que ficam a mais ou menos um quilômetro umas das outras. Resultado: do ponto de largada, você não consegue saber qual é o caminho que os barcos vão percorrer. Segundo, os barquinhos se embaralham logo na primeira volta, quando os líderes começam a ultrapassar retardatários. Para um leigo, fica duro de saber quem está na frente. Mais: até acompanhar o quadro de medalhas do iatismo é difícil, já que tem nove classes de barco. Mas não se confunda: nossas chances de medalha estão em duas: na laser, que traz embarcações pequenas como pranchas, e na star, com veleiros para duas pessoas. Esta, aliás, tem uma característica excêntrica: quanto maior for o peso da tripulação, mais rápido o barco tende a flutuar. Outra peculiaridade desse mundo das velas.
Caos no mar Acompanhamos uma prova da classe star. Segure o estômago1. Uma hora antes da disputa, os barcos seguem para o local da prova. São cerca de 20, e todos se alinham entre o barco do juiz e a bóia de largada para aguardar o começo da regata. Como em outros esportes, se algum competidor se antecipar ao sinal, todos precisam retornar e aguardar uma nova largada
2. Os barcos costumam dar duas voltas no circuito. No trecho entre as bóias, o que conta é a velocidade. Mas o bicho pega mesmo é nas zonas de contorno. Como todos se aproximam da bóia quase ao mesmo tempo, alguns acabam passando por dentro. Erros como esse são punidos no fim da prova
3. Os juízes da prova devem manter o traçado original da regata, desenhado por eles antes da largada. O percurso é demarcado por grandes bóias e não segue um padrão fixo. O mais comum se parece com um triângulo alongado, cujas pontas devem ser contornadas por fora pelos competidores
4. “Não vai passar, não vai passar!”. Gritos como esse podem ser ouvidos de longe durante a regata. Principalmente quando dois barcos se espremem ao passar por fora da bóia. O problema é que às vezes os dois ficam pelo caminho. As manobras imprudentes são punidas com a perda de pontos
5. O público precisa agüentar firme o tempo que durar a regata que se estende por horas. Para acompanhar o desempenho dos atletas, é preciso embarcar em alguma lancha ou balsa que fica ancorada a algumas dezenas de metros do local da prova. Quem chegar perto demais leva bronca dos juízes
6. A chegada costuma ser no ponto de partida. Em cada bateria, os barcos geralmente dão duas voltas. Se o tempo estiver bom, há duas regatas por tarde. E os barcos entram na água dois ou três dias seguidos. Cada disputa conta pontos que são somados após a última prova, antes do anúncio do vencedor