Como se escala o Everest?
A subida até o cume pode levar semanas. Botas duplas e até escada fazem parte do equipamento usado
Com muita paciência! A subida rumo ao cume pode levar semanas, pois os alpinistas fazem escalas em vários trechos da montanha para se adaptar à altitude. E, além da paciência, também é preciso ter muita grana. Cada alpinista precisa desembolsar entre 40 mil e 60 mil dólares para escalar o Everest. Parte desse dinheiro fica com os governos da China e do Nepal, que cobram pedágios de até 10 mil dólares de cada pessoa que pretende chegar ao cume mais alto do mundo. Desde 1953, mais de 2 mil pessoas já conseguiram realizar essa façanha. E põe façanha nisso! O frio no alto da montanha pode chegar a 70 ºC negativos e o ar rarefeito deixa o corpo em pane: os músculos perdem força, o cérebro não soma 2 mais 2 e o pulmão corre o perigo de sofrer um edema. Mais de 200 pessoas já pagaram a aventura com a própria vida…
O céu é o limite
Veja como é a escalada pela rota sul, a mais usada
10. Os alpinistas costumam iniciar o ataque ao cume à noite. Partindo do acampamento 4, eles levam 12 horas para subir até lá. É preciso estar no cume por volta do meio-dia para dar tempo de voltar ao acampamento 4 ainda de dia. Só dá para apreciar a vista por alguns minutos…..
9. A Cornice Traverse termina no Degrau de Hillary, uma escadaria vertical de 12 m, escalada com cordas. O trecho é tão estreito que só passa uma pessoa por vez. A falta de oxigênio e o cansaço fazem com que muitos desistam aqui, a 50 m do cume!
8. Para chegar ao cume, há ainda dois obstáculos. O primeiro é a Cornice Traverse. São só 120 m de caminhada, mas você segue numa trilha estreita, exposta ao vento e com abismo dos dois lados! Qualquer erro pode ser fatal!
7. O último acampamento é o 4, montado um pouco abaixo da chamada zona da morte. É que, a partir dos 8 mil m, o alpinista tem tempo contado para alcançar o cume e voltar à zona de segurança antes que seu corpo entre em colapso e ele morra
6. O desafio entre os acampamentos 3 e 4 são os paredões Yellow Band e Geneva Spur. São trechos em rochas sem gelo. Nesta área, os alpinistas também começam a sentir necessidade de usar tubos de oxigênio por causa da altitude acima dos 7 mil m
5. Devido à inclinação do Everest, quem escala pela rota sul desvia pelo Lhotse, a quarta maior montanha do mundo, no trecho entre os acampamentos 2 e 3. Mas o atalho não é fácil: trata-se de um paredão de gelo com inclinação de até 80 graus em alguns pontos!
4. No caminho até o acampamento 2, os alpinistas passam pelo vale glacial Western Cwm. É uma caminhada sem grandes desafios técnicos, mas a falta de vento e a exposição direta ao Sol levam os alpinistas ao desespero devido ao calor. Eles rezam para uma nuvem tapar o Sol…
3. Com cordas e escadas já montadas no caminho, o trajeto até o acampamento 1 dura seis horas. Aqui, a 6 100 m, os alpinistas passam mais uns dias se aclimatando à nova altitude. Nos demais acampamentos, sempre entre dois trechos difíceis da escalada, essa rotina se repete
2. Entre o acampamento-base e o acampamento 1 já há um primeiro grande desafio. O trecho chamado Cascata de Gelo Khumbu é um grande e instável labirinto de blocos de gelo, com fendas entre eles. Para atravessá-las, escadas são improvisadas como pontes
1. O acampamento-base, de onde saem as expedições, fica numa altitude de 5 400 m. Os alpinistas passam uns dez dias lá se habituando ao ar com 50% menos oxigênio que ao nível do mar. Nesses dias, eles treinam pequenas escaladas na região
Do topo ao túmulo
Confira a evolução das escaladas bem-sucedidas e das mortes no Everest
Período – 1922 – 1952
Sucesso – 0 pessoas
Mortes – 13 pessoas
Período – 1953 – 1960
Sucesso – 6 pessoas
Mortes – 0 pessoas
Período – 1960 – 1970
Sucesso – 18 pessoas
Mortes – 6 pessoas
Período – 1970 – 1980
Sucesso – 78 pessoas
Mortes – 28 pessoas
Período – 1980 – 1990
Sucesso – 183 pessoas
Mortes – 59 pessoas
Período – 1990 – 2000
Sucesso – 883 pessoas
Mortes – 59 pessoas
Período – 2000 – 2006
Sucesso – 1 081 pessoas
Mortes – 37 pessoas
Kit alpinista
Botas duplas e até escada fazem parte do equipamento usado
Botas + grampões
São usadas duas botas: uma de trekking e outra de tecido isotérmico por dentro. Os grampões são encaixados sob a bota nos trechos de neve dura ou gelo
Escadas
Servem para atravessar fendas. Dependendo do tamanho do desafio, podem ser amarradas umas às outras
Garrafas de oxigênio
Imprescindíveis acima dos 7 500 m, garantem que o corpo receba um nível ideal de oxigênio
Piolet (martelo)
É a principal ferramenta para escalada em montanhas geladas. Fixado com golpes firmes no gelo, sustenta o corpo do alpinista e serve para cavar
Cordas e grampos
As cordas salvam a vida no caso de queda, e os grampos fixam as cordas nas rochas ou no gelo
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