A ciência tem várias hipóteses e nenhuma certeza. O que pouca gente sabe é que os pombos-correio só conhecem uma direção: o caminho de volta para casa. Eles podem ser soltos em pontos a 900 quilômetros de distância mas conseguem retornar ao local onde nasceram. “A explicação mais provável indica que essas aves têm um acúmulo de átomos de ferro no cérebro, que funciona como uma bússola natural”, afirma o zoólogo Luiz Octávio Marcondes Machado, especialista em Ornitologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Outros estudiosos sustentam que eles herdaram o sentido de orientação das aves migratórias. Tem ainda quem acredite que a explicação está numa pressão em seu ouvido interno que lhes permitiria gravar um verdadeiro mapa da rota a ser seguida. Ninguém descarta, no entanto, o papel desempenhado por sua aguçada visão, que faz com que avistem um grão de milho a 200 metros de distância!
Alguns pesquisadores, por fim, defendem que as aves usam como referência a posição do Sol, da Lua e das constelações. Embora o mistério não esteja decifrado, um fato é inegável: os pombos-correio são aves singulares. Constituem uma raça diferente dos pombos comuns: embora semelhantes visualmente, apresentam uma estrutura corporal mais avantajada que ajuda a explicar a incrível capacidade de voar até 800 quilômetros por dia a velocidades superiores a 100 km/h. Foi uma dessas aves que, em 1815, anunciou às autoridades inglesas a derrota de Napoleão Bonaparte em Waterloo. Durante a Primeira Guerra Mundial, mais de 30 mil pombos-correio foram usados pelos exércitos aliados para enviar notícias do front – as mensagens iam num minúsculo tubo preso à perna da ave. Reconhecendo o perigo que esses animais representavam, a Alemanha ordenou que todos os pombos em vôo fossem abatidos.