Como se pilota um balão?
Não é uma tarefa fácil, pois você não pode fazer muita coisa além de mandar o balão subir e descer. Com essa mudança de altitude, o piloto pode pegar diferentes correntes de ar, que, aí sim, empurram você para um lado ou para o outro. O controle desse sobe-e-desce atrás do vento certo é feito […]
Não é uma tarefa fácil, pois você não pode fazer muita coisa além de mandar o balão subir e descer. Com essa mudança de altitude, o piloto pode pegar diferentes correntes de ar, que, aí sim, empurram você para um lado ou para o outro. O controle desse sobe-e-desce atrás do vento certo é feito com o uso de um maçarico, que joga mais ou menos ar quente dentro do balão. Quanto mais fogo o maçarico cospe, mais você sobe. Como o papel do piloto é bem restrito, não dá, por exemplo, para marcar um encontro com alguém num determinado lugar e resolver ir para lá de balão. O passeio é somente pela graça de voar. Mas esse prazer dura pouco, geralmente uma ou duas horas, pois é limitado pela quantidade de gás propano – que alimenta o fogo do maçarico – capaz de ser carregada. E como o ar quente consegue fazer tudo isso subir, afinal? Simples: quando você aquece o interior do balão, o ar que está lá dentro se expande. Em outras palavras, fica mais leve.
Tão leve que literalmente bóia na atmosfera, como se fosse uma bola de vôlei dentro de uma piscina. Veja só: se os mais de 2 mil metros cúbicos de um balão forem aquecidos a 110 °C, o ar lá de dentro fica 700 quilos mais leve que o da atmosfera. Dessa forma, poderá levantar 700 quilos do chão – o suficiente para suportar o peso da própria estrutura do balão, dos tanques de combustível e de mais duas ou três pessoas. A temperatura ambiente também entra nessa conta: quanto mais frio estiver, mais peso dá para carregar, pois maior será a diferença de peso entre o ar quente do balão e o ar da atmosfera. “Se a temperatura for de 10 ºC, por exemplo, dá para levantar mais ou menos 700 quilos. A 35 ºC, a capacidade cai para 500 quilos”, afirma o balonista Adriano Perini, que voa há sete anos.
Além do limite de peso, o piloto tem que estar muito atento também para não exagerar na altitude. Acima de 4 500 metros, o ar é rarefeito demais. E, como a subida não leva mais de 20 minutos, não dá tempo para os passageiros se acostumarem à falta de oxigênio. Com todas as precauções tomadas, enfim, só resta aproveitar o vôo. O mais calmo e silencioso dos vôos.
Correntes de ar é que mandam na direção do vôo
Enchendo o “saco”
Um superventilador, com potência equivalente à de um minibugue, é usado para encher o chamado “envelope” do balão, lançando ar em temperatura ambiente. Encher um modelo de 2 200 metros cúbicos (24 metros de altura e 26 metros de diâmetro) leva só 15 minutos
Hora do aquecimento
Passado esse tempo, é a vez de um grande maçarico, alimentado por tanques de gás propano, entrar em cena. Conforme o ar com temperatura ambiente de dentro do balão é aquecido, o envelope vai ficando de pé e o vôo já pode ter início
Tocha moderna
O maçarico pode aumentar a temperatura interna do balão para 110 ºC em menos de um minuto. É costume voar com dois maçaricos. Um fica de reserva, mas pode ser usado se pintar um obstáculo, como uma montanha, e for preciso subir rápido
Painel de controle
Os balonistas usam quatro instrumentos durante um vôo: bússola (para orientar a direção), altímetro (para indicar a altitude), variômetro (para mostrar a velocidade de subida) e termômetro (para acompanhar, por exemplo, a temperatura do ar dentro do balão). Os equipamentos podem ir presos ao cesto ou às cordas
“Teto solar”
Na parte de cima do envelope do balão há um dispositivo chamado de pára-quedas. É uma espécie de tampa, que pode ser aberta pelo piloto com o uso de uma cordinha. Esse “teto solar” deixa o ar quente escapar, o que é muito útil para agilizar um pouso de emergência, por exemplo
Carona imprevisível
As correntes de ar que circulam pela atmosfera mudam de direção conforme a altitude. O papel do piloto de balão, portanto, é escolher o nível certo para pegar os ventos que desejar. Mas, como as correntes mudam de direção, não dá para saber com precisão onde será o pouso
Cabine rústica
O cesto onde fica o piloto e seus “convidados” tem, em geral, 1,2 metro de altura e apenas 1,4 metro quadrado de espaço. É feito de vime, como uma cesta comum, mas reforçado com cabos de aço. Como se trata de um material flexível, ele absorve parte do tranco na hora do pouso. A base, resistente, é feita de madeira, revestida com couro
Com o gás todo
O cesto pode acomodar dois ou três tanques de gás propano. Um deles sempre fica de reserva, para evitar que o combustível acabe antes de o piloto voltar ao chão. O propano fica guardado em estado líquido, a uma pressão altíssima. Ao ser solto do tanque, ele queima na forma de gás