Como surgiu o Halloween?
Conheça a evolução da data, cuja origem remonta aos celtas, aos romanos e ao cristianismo medieval
ILUSTRA Luís Dourado
PERGUNTA Beatriz Maia, Fortaleza, CE
NO LIMITE DO ALÉM
O fim da colheita e o início do inverno deixavam os povos antigos com medo da morte e de que alguém abandonasse a comunidade. Por volta de 3000 a.C., o temor deu início à celebração celta Samhain, na divisão do calendário entre a fase de luz (verão) e a de trevas (inverno). A data equivalia ao atual 31 de outubro. Nesse dia, acreditava-se que o além se tornava mais acessível
A MORTE VESTE TOGA
Quando conquistaram os territórios celtas, provavelmente nos séculos 5 e 6, os romanos se apropriaram da data e a transformaram em sua própria celebração dos mortos, a Lamuria. Antes, ela ocorria em 13 de maio, mas foi transferida para 31 de outubro. Os romanos colocavam alimento e leite nos túmulos para apaziguar a vontade dos mortos de retornar
SANTA DATA
No ano 602 da era comum, a Igreja Cristã já havia se consolidado como o grande eixo cultural do Ocidente. Foi ela quem transformou a Lamuria no Dia de Todos os Santos. A temática era similar à dos romanos e fez sucesso entre os cristãos da época. Mas eles resolveram “empurrar” o evento para 1o de novembro, tentando se desvencilhar do 31de outubro, associado aos pagãos.Em inglês, Dia de Todos os Santos é All Hallows Day. Então a véspera, 31 de outubro, virou All Hallows Eve, nome que viria a originar a palavra “Halloween”
FÉ TERCEIRIZADA
Para reforçar a celebração, a Igreja separou 2 de novembro para honrar os que já partiram – era o Dia de Todas as Almas, que originou nosso Finados. Nessa data, crianças iam de casa em casa oferecendo suas preces para ajudar espíritos presos no purgatório. Em troca, pediam bolos com passas. Eram as “gostosuras” – logo mais começariam a surgir as “travessuras”
EFEITO COLATERAL
Visitando casas mais ricas para “vender sua reza”, os pobres começaram a notar como estavam em desvantagem. Logo, em vez de crianças pedindo bolos, eram adultos querendo comida ou dinheiro. Querendo não: exigindo. Gangues mascaradas ameaçavam com violência ou vandalismo quem não fizesse a gentileza. Aí surgiu o hábito de usar máscara ou fantasia no Halloween
O CALDEIRÃO DA AMÉRICA
O Halloween foi uma das tradições levadas pelos colonizadores ingleses à América. Escoceses e irlandeses adicionaram o bicho-papão e as histórias de fantasmas ao folclore da data. Ganhou força na Guerra Civil (1861-1865): as pessoas temiam que o espírito dos muitos soldados mortos não identificados ou não enterrados continuasse vagando por aí
ENFIM, AS BRUXAS
No século 19, intensifica-se a caça às “bruxas” nos EUA. Foi uma histeria movida, em larga escala, por preconceito e puritanismo. Muitas das acusadas eram mulheres ligadas aos rituais pagãos ou à natureza, algumas responsáveis por realizar abortos na comunidade. Logo elas foram adicionadas à lista de “vilões” do Halloween(que, inclusive, virou Dia das Bruxas fora dos EUA)
CARETA ILUMINADA
A abóbora foi inspirada por um conto de ninar sobre um velhinho chamado Jack O’Lantern. Ele era tão ruim que foi expulso do inferno. De presente, o diabo lhe deu cinzas, que alimentavam uma lamparina feita de casca de tartaruga. Jack a usava para assustar as pessoas. Como a colheita de abóbora era próxima do Halloween, o vegetal acabou substituindo o animal. A data saiu do âmbito religioso e ganhou impulso comercial no início do século 20, com desfiles e paradas que começaram na Pensilvânia, nos EUA
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FONTES Livros Halloween, de Charles Lint e Thomas Ligotti, e The Book of Hallowe’en: The Origin and History of Halloween, de Kelley A.M. e Ruth Edna; documentários The Real Story of Halloweene The Haunted History of Halloween, do History Channel