Debate: A Petrobras deve ser privatizada?
A maior estatal brasileira passa a imagem de orgulho nacional desde a sua fundação, em 1953. Mas escândalos recentes de corrupção trazem à tona a velha dúvida
A maior estatal brasileira passa a imagem de orgulho nacional desde a sua fundação, em 1953, por Getúlio Vargas. Mas escândalos recentes de corrupção trazem à tona uma velha pergunta: vale a pena tirar a empresa do controle do governo? Confira quatro alternativas a favor, quatro contra, e tire suas próprias conclusões.
SIM
Para o economista Heitor Bravi, a Petrobras deveria manter resultados sólidos e rentáveis sem depender de intervenção do Estado. Os profissionais em cargo de chefia não deveriam ficar à mercê dos políticos que os indicaram ou de alternâncias de partidos no poder, o que pode inviabilizar projetos de longo prazo
Um corpo diretor sem envolvimento político favoreceria a meritocracia entre os funcionários da empresa e inibiria práticas como cabides de emprego. Em tese, isso aumentaria os níveis de produtividade dos funcionários, que seriam recompensados de acordo com seus resultados
A independência da empresa em relação ao governo favoreceria a tomada de crédito com o mercado. A empresa, dessa forma, interagiria com o governo via Agência Nacional de Petróleo (ANP) em contratos de pesquisa e desenvolvimento, continuando a gerar valor tecnológico para o país
Para gerar mais valor para os acionistas de forma sustentável, a empresa teria que buscar maiores níveis de eficiência, seja em termos de custos, seja na escolha de investimentos – o que poderia evitar irregularidades, como as denunciadas na compra da refinaria de Pasadena (EUA) e na construção de Abreu e Lima (PE)
Não
De acordo com o especialista em economia criativa, Juarez Xavier, aprivatização tiraria do Brasil “a prerrogativa de dispor de políticas de defesa dos seus recursos (como prospecção, pesquisa, processamento e comercialização do petróleo) e deixaria o Estado à mercê dos interesses do mercado”
O petróleo é um importante mecanismo de política macroambiental. Suas variações de preço e de produtividade interferem nas metas de crescimento e de inflação, além de repercutir na cadeia produtiva de vários setores. A falta de controle estatal sobre esse recurso limitaria algumas ações de política econômica
Para o geógrafo Leonardo Pelegrini, é um erro associar o controle estatal da empresa com problemas de gestão. A Petrobras segue sendo uma gigante do setor (a maior do mundo entre empresas de capital aberto) e a privatizaçãopoderia levar os recursos da empresa para fora do país
Pesquisas mostram que 80% da população é contra a privatização da empresa que explora nosso “ouro negro”, motivo de orgulho pros brasileiros. A venda da estatal traria desemprego e poderia desacelerar nossa economia, que já não está nos melhores momentos
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CONSULTORIA Heitor Bravi, economista, Juarez Xavier, especialista em economia criativa e cadeias produtivas e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Leonardo Pelegrini, geógrafo
FONTEPetrobras