Francisco Pizarro, o carrasco dos incas
O marquês espanhol foi mais rico que muitos reis da sua época. A ambição sem limites lhe trouxe conquistas e respeito, mas deixou um mar de vingança e morte
Sugestão do leitor Fabiano Rodrigues, Diadema, SP
Ilustra Dudu Torres
Edição Felipe van Deursen
FICHA CRIMINAL
Nome – Francisco Pizarro González (~1474-1541)
Local de atuação – América do Sul
Mortes – Mais de 2 mil incas e cerca de 150 espanhóis
1. Filho de um coronel, Pizarro nasceu em Trujillo, Castela, um dos reinos que formariam a atual Espanha, em algum momento entre 1471 e 1476 (pesquisas mais recentes apontam 1474 como o ano mais provável). Ele jamais se dedicou muito aos estudos, e aprendeu a ler e a escrever já adulto
2. A ascendência militar e a febre das Grandes Navegações inspiraram Pizarro, que conseguiu lugar em duas expedições para a costa da atual Colômbia. Ambas fracassaram, e muitos espanhóis caíram vítimas de fome e doenças. Apesar de não conseguir estabelecer um assentamento, a experiência ajudaria Pizarro em expedições futuras a terras inexploradas
3. Em 1513, Pizarro ficou amigo e ganhou a confiança do governador do Panamá, aonde os espanhóis haviam chegado em 1501. Para demonstrar seu total apoio, Pizarro ajudou a prender e executar o antigo governante. Ele foi nomeado prefeito da Cidade do Panamá e começou a montar uma rede de recursos e parceiros para organizar suas próprias expedições. O objetivo era explorar os domínios do Império Inca
4. Pizarro saiu do Panamá em 1524 com uma tripulação de cerca de 80 pessoas. Chegou à Colômbia, mas o mau tempo, a falta de comida e os ataques dos nativos o impediram de avançar rumo ao interior. Em 1526, em uma nova investida, alcançou o atual Equador e sofreu as mesmas agruras. Mas, desta vez, conseguiu pilhar a tribo dos tumpis e ter seu primeiro contato com os incas
5. Após os fracassos, Pizarro perdeu apoio no Panamá e apelou a Carlos 1º. Em 1528, deu ao rei espanhol ouro, prata, animais exóticos e a lista das riquezas que identificou. Acabou autorizado a explorar e governar as terras que conquistasse até mil quilômetros terra adentro. De quebra, recrutou os irmãos Juan, Gonzalo e Hernando como seus braços-direitos
6. Rumando ao sul pela costa, Pizarro se encontrou com outros exploradores para juntar forças. Em 1532, a expedição chegou à cidade de Cajamarca para se encontrar com o imperador Atahualpa, que havia acabado de derrotar seu irmão Huáscar, encerrando a Guerra Civil Incaica. O império, portanto, estava enfraquecido
7. Pizarro marcou uma audiência com Atahualpa, que veio com uma enorme e pomposa comitiva, enquanto os espanhóis formavam uma trupe chinfrim. Um frei apresentou a Bíblia ao líder inca e, com um intérprete, perguntou se ele se converteria. Atahualpa silenciou, aparentemente sem entender. O frei correu, dando o sinal para os espanhóis, armados, saírem dos seus esconderijos
8. Atahualpa deixou o exército longe demais para uma reação, pois acreditava que o encontro seria pacífico. O erro de cálculo permitiu que, com arcabuzes e canhões, os espanhóis matassem cerca de 2 mil incas, derrubassem o imperador da liteira e o capturassem, cortando pernas e braços dos servos que o carregavam. Foi o começo do fim do Império Inca
9. Em 1533, Pizarro consolidou o domínio do Império Inca ao invadir a capital, Cusco. Dois anos mais tarde, fundou uma nova cidade para ser capital da colônia, Lima (atual capital do Peru). Mas Pizarro ainda tinha que enfrentar seu sócio, Diego de Almagro, com quem se desentendeu sobre a jurisdição de regiões próximas a Cusco (além de outras desavenças). Em 1538, ele e os irmãos enfrentaram Almagro, que acabou executado
QUE FIM LEVOU?
Um dos homens mais poderosos de seu tempo, Pizarro foi assassinado por golpes de espada pelo filho de Almagro em seu palácio, em Lima, em 1541
FONTES Livros The Last Days of the Incas e Life and Death in the Andes: On the Trail of Bandits, Heroes and Revolutionaries, de Kim MacQuarrie; documentário Conquistadors (PBS Home Video)