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O fim do símbolo de transgênico nos alimentos e o que isso significa

Anunciada no último 19, a mudança é mais um capítulo na batalha pela reformulação das embalagens, que opõe indústria e entidades de direito do consumidor

Por Diego Meneghetti
Atualizado em 22 fev 2024, 10h05 - Publicado em 23 abr 2018, 15h12
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  • (Gustavo Arrais/Mundo Estranho)

    No último dia 17 de abril, a Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado, liderada pelo senador Cidinho Santos (PR-MT) aprovou o fim da obrigatoriedade, na embalagem dos alimentos, do símbolo que indica a presença ingrediente transgênico. É a mais recente batalha numa disputa entre consumidores, grupos de proteção do meio ambiente, representantes do agronegócio e a indústria alimentícia.

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    O símbolo (um triângulo amarelo com a letra “T” preta) existe desde 2003, quando o governo federal liberou pela primeira vez o plantio de soja transgênica (ou seja, alterada geneticamente) no país. A CMA alega que, nestes 15 anos, não houve pesquisa científica no mundo todo que comprove que o consumo de alimento transgênico seja maléfico à saúde.

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    A comunidade científica rebate dizendo que pesquisas desse tipo levam mais tempo do que isso e que, enquanto essas consequências não são plenamente esclarecidas, cabe ao consumidor decidir se quer consumir esse tipo de alimento ou não. As entidades de direito do consumidor também insistem nessa tecla: a ausência do símbolo fere o direito à informação do cidadão.

    O relatório da CMA rebate esse argumento ao enfatizar que permanece a obrigação de um texto legível, no rótulo, similar a “(nome do produto) trasngênico” ou “contém (nome do ingrediente) transgênico”. Entidades como o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), porém, alegam que o triângulo amarelo era muito mais fácil e rápido de ser interpretado. Apenas como texto, a informação não fica explícita o suficiente.

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    A GUERRA DA TABELA NUTRICIONAL

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    O debate de como certas informações precisam ser mostradas ao consumidor não se restringe à presença de ingredientes transgênicos. Após três anos de discussão, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está analisando propostas para tentar deixar a tabela nutricional, obrigatória na maioria dos alimentos, mais fácil de ser compreendida. Evidentemente, as entidades ligadas aos direitos do consumidor e a indústria de alimento oferecem soluções distintas para esse problema.

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    A sinalização é particularmente importante no caso de alimentos processados e ultraprocessados. In natura é o alimento como o encontramos na natureza, como uma espiga de milho. Quando ele passa por alguma indústria, já é considerado processado. Por exemplo, o milho em latinha. E, quando a fabricação envolve muitas etapas, técnicas e ingredientes (alguns apenas de uso industrial, como conservantes), aí ele é chamado de ultraprocessado. Por exemplo, o cereal matinal de milho.

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    Confira abaixo as duas propostas de nova padronagem nas embalagens:

     

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    (Divulgação/reprodução/Mundo Estranho)

    PROPOSTA DAS ENTIDADES DE DEFESA DO CONSUMIDOR

    Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)

    Principais mudanças:

    – Selos de advertência triangular na frente da embalagem de alimentos processados e ultraprocessados, quando houver adoçante, gordura trans ou excesso de açúcar, sódio, gorduras totais e saturadas.

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    – Esses produtos não poderão exibir comunicação mercadológica voltada crianças (como uma mascote desenhada na embalagem) ou informação nutricional complementar (por exemplo, “rico em fibras”).

    – Padronização da porção na tabela nutricional com base em 100 g do produto e também da embalagem completa.

    – Design da tabela nutricional com melhor legibilidade, com letras em contraste maior.

    – Indicação numérica do total de ingredientes na lista (quanto mais ingredientes, mais processado é o produto).

    – Recomendação para consumo moderado em embalagens de ingredientes culinários como açúcar, sal, óleo e manteiga.

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    Críticas dos opositores:

    – O alerta frontal em triângulo pode categorizar alimentos como “bom” ou “ruim”, em vez de “adequado” ou “não adequado”.

    – Pode alarmar os consumidores e reduzir as vendas de produtos, principalmente os ultraprocessados.

     

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    (Divulgação/reprodução/Mundo Estranho)

    PROPOSTA DA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA

    Associação Brasileira das Indústrias Alimentícias (Abia)

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    Principais mudanças:

    – Padronização da porção na tabela nutricional com base em 100 g do produto.

    – Na frente do rótulo, destaque colorido para o teor de quatro componentes de acordo com valores para uma dieta diária ideal.

    Críticas dos órgãos fiscalizadores:

    – As cores podem confundir. Se o alimento tiver um alerta vermelho e dois verdes, por exemplo, o consumidor pode pensar que o risco à saúde é menor.

    – Continua com as mesmas informações da tabela nutricional atual, sem acréscimos.

    – Como a tabela frontal pode ser feita com uma porção pequena, ela pode não dar uma referência clara da quantidade ingerida de um componente.

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    Nos últimos meses, os representantes das propostas têm divulgado pesquisas favoráveis a seus modelos. Encomendada pela Abia, uma pesquisa do Ibope afirma que 67% dos entrevistados preferem o modelo com as cores do semáforo. Já um estudo feito pelo Idec com a USP e UFPR mostrou que 75% das pessoas entendem melhor a informação com o uso da advertência com triângulos.

    Os dados também mostram que a tabela nutricional atual realmente precisa mudar. Segundo uma pesquisa Datafolha, 48% das pessoas não leem as informações nos rótulos. Outra, realizada pelo Idec, revela que 25,1% entente totalmente o rótulo e 34,8% entende quase totalmente, mas 31,1% entende parcialmente e 8,5% entende muito pouco. Ainda segundo esses dados, os principais problemas que dificultam a compreensão são letras muito pequenas (61%), termos técnicos difíceis (51%), poluição visual (46%) e a necessidade de cálculo da porção (41%).

    Por fim, segundo a pesquisa Brasil Food Trends 2020, da Fiesp/Ibope, a informação mais procurada pelo consumidor é o total de calorias (52%). Depois, gorduras (39%), colesterol (29%), açúcar (27%), proteína (25%), conservantes (22%), carboidratos (22%), glúten (10%) e sódio (8%). Esse último valor é bastante revelador: indica que boa parte da população ainda não compreende que a alimentação rica em sódio está associada a pressão alta, problemas do coração e outras doenças. Tanto a nova sinalização proposta pela Abia quanto pelo Idec planejam dar mais ênfase a esse ingrediente.

     

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