As cócegas são um sistema de defesa do organismo. Estudiosos acreditam que elas surgiram já nos tempos pré- históricos. Sua função não era fazer rir, mas identificar problemas, como insetos peçonhentos. O roçar do bicho na pele provocava uma desagradável sensação de alerta, obrigando o ser humano a espantá- lo (evitando, assim, uma picada fatal, por exemplo). Segundo o neurocientista Robert Provine, autor de Laughter: A Scientific Study, as cócegas também surgiram como um mecanismo para reforçar laços sociais. Ele cita como exemplo as leves cócegas que a mamãe costuma fazer no bebê.
Ai, que aflição!
Estímulo sensorial provoca reações extremas do corpo,incluindo o riso descontrolado.
1- Logo abaixo da pele, há conjuntos de receptores táteis – pequenas terminações ligadas ao sistema nervoso, responsáveis por todas as sensações do tato, como texturas, temperatura etc. Por questões evolutivas, há uma concentração maior desses receptores nas mãos, nuca, pés, abdômen, axilas, orelhas e virilhas. Por isso, essas são as áreas mais suscetíveis a cócegas.
2- O estímulo nesses receptores é enviado ao cérebro. A região do giro pós-central, responsável pelas sensações, entende o sinal como uma surpresa. Num reflexo instintivo, o córtex cerebral ativa a área motora, provocando movimentos bruscos do corpo. (Outra parte, o cerebelo, impede que façamos cócegas em nós mesmos – quando ele antevê o movimento, inibe suas consequências).
3 – Como consequência, o córtex pré-frontal medial ventral, envolvido com as emoções e prazer, ativa o mecanismo do riso. “O diafragma, músculo que controla a respiração, passa a trabalhar em contrações rítmicas, gerando expirações e inspirações profundas”, afirma a neurologista Susanie Rigatto. Quanto mais intensa a cócega, maior a área cerebral ativada, e maior a resposta física.
Longas sessões de cócegas foram usadas como tortura no Japão feudal e na Alemanha nazista.
A concentração de receptores também varia de pessoa para pessoa. Por isso, algumas sentem mais cócegas que outras.