O soro da verdade funciona?
Várias substâncias entorpecentes e sedativas, incluindo o ecstasy, a maconha e o LSD, já foram utilizadas como “soro da verdade”
Não como todo mundo pensa. Várias substâncias entorpecentes e sedativas, incluindo o ecstasy, a maconha e o LSD, já foram utilizadas como “soro da verdade” desde que o termo surgiu, no início do século 20. Mas, até hoje, nenhuma pesquisa científica conseguiu descobrir uma droga que faça a pessoa perder o controle de si e falar somente a verdade.
O primeiro soro da verdade foi aplicado por volta de 1915. Um obstetra dos EUA, Robert House, notou que mulheres em trabalho de parto anestesiadas com escopolamina falavam sinceramente sobre vários assuntos. Então, em 1922, ele testou a droga em dois suspeitos de um crime. Eles negaram as acusações e foram inocentados.
Hoje, estudos da CIA afirmam que barbitúricos (um tipo de sedativo), como o pentotal sódico, poderiam ser usados para baixar a guarda de uma pessoa, revelando sua capacidade de falar outro idioma, por exemplo. Especula-se que a própria agência já tenha utilizado soros da verdade em interrogatórios.
Durante a Ditadura Militar no Brasil, o soro foi muito usado como forma de tortura nas prisões. O pentotal sódico era injetado com a intenção de fazer o preso delatar planos e esconderijos. Mesmo com a supervisão de médicos, havia muitos efeitos colaterais, como alucinações.
Atualmente, um dos países que mais o utiliza é a Índia. O governo local condena, mas são frequentes as denúncias de aplicação em algumas regiões do país. Laboratórios regulam o uso de narcóticos em interrogatórios. Em 2012, policiais pediram autorização para aplicar o pentotal sódico em um político suspeito de corrupção.
A ONU é contra o uso desse tipo de substância e, para a Anistia Internacional, utilizar supostos soros da verdade em interrogatórios é considerado um meio de tortura.
Substâncias causam problema de comunicação
A maioria dos soros da verdade atua no cérebro, inibindo a produção do neurotransmissor acetilcolina. Isso afeta o envio de informações dos neurônios a outras células. A pessoa fica mais desinibida e com a capacidade de julgamento alterada. O coração dispara e é possível ter alucinações, febre alta e convulsões
CONSULTORIA Ana Luiza Camargo, coordenadora da área de psiquiatria do Hospital Israelita Albert Einstein, Mara Fernandes Maranhão, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein
FONTES Sites The Guardian, Scientific American e Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo