Quais modelos de moedas o Brasil já utilizou?
Muito antes dos centavos de real, nosso país usou desde conchas até pedaços de ouro que podiam comprar uma boiada. Viaje por essa história incrível.
1522
Nos cofres da esquadra de Cabral vieram “O Português”, principal moeda do período, cunhada em 35,5 g de ouro. Ele também trouxe os réis (plural de “real”), moeda que valeu no Brasil até 1942. Durante toda nossa fase colonial, circularam pelo país as mesmas moedas de Portugal, com nomes como “índio” e “São Vicente”
Século 16
Na falta de moedas metálicas, muitas “alternativas” correram durante o período colonial. Até panos de algodão, fumo, cacau e cravo foram usados como instrumento de troca! Mas a história mais curiosa é a do zimbo, uma pequena concha usada como moeda na costa africana, principalmente em Angola. No Brasil, ela existia a rodo – um prato cheio para os portugueses, que começaram a trocá-las por negros na África. Tanto zimbo foi levado para lá que a moeda se desvalorizou completamente
1580
Com a União Ibérica, a moeda de prata espanhola passou a circular oficialmente no Brasil. Ao fim do pacto, em 1642, Portugal restaurou sua independência, mas ficou quebrado. Para economizar, em vez de produzir novas moedas, passou a carimbar as espanholas com o símbolo da coroa portuguesa
1645
A primeira moeda feita no Brasil não era brasileira. Enquanto ocuparam o Nordeste, os holandeses começaram a cunhar versões bem rústicas dos florins (a moeda holandesa na época) para pagar seus soldados
1695
Surge a primeira Casa da Moeda nacional, na Bahia. Ela fabrica em ouro e prata nossa primeira moeda oficial, a pataca
1724
A moeda mais poderosa que já circulou no mundo é brasileira: o dobrão. Valorizado pelo auge da mineração em Minas Gerais, um único exemplar comprava 190 litros de azeite, 9.600 ovos ou 12 bois. Feito com 55 g de ouro, essa “minifortuna” circulou por apenas três anos
1727
O escudo foi a primeira moeda de Portugal com o governante de um lado e as armas do reino do outro. Algumas versões mostravam fases da vida da rainha Maria I: ao lado do marido, dom Pedro III; sozinha após a morte dele; e, por fim, com joias e fitas no cabelo.
1808
Nem toda moeda foi redonda. Com o declínio da mineração, Portugal passou a reter 20% de todo o ouro extraído no país: era o imposto do “quinto”. Depois de transformado em barra e marcado com o selo real, ele circulava como dinheiro
1822
Dom Pedro I rejeita seu retrato na moeda de 6.400 réis cunhada para celebrar sua coroação. Só 64 exemplares são produzidos e viram peça rara de colecionador
1935
Com a Proclamação da República, em 1889, o escudo das armas brasileiras substitui o brasão imperial nos réis. Até este ano, ainda circulavam versões dos réis com valores ainda menores em cobre e níquel. A moeda de 100 ficou conhecida como tostão, termo até hoje associado a pouco dinheiro
1942
Surge o cruzeiro. Os anos seguintes são uma lambança na economia. Assolado pela inflação e pelas mudanças no governo, o país troca de moeda (e de modelos de moedas) sete vezes: cruzeiro novo (1967), cruzeiro (1970), cruzado (1986), cruzado novo (1989), cruzeiro (1990) e cruzeiro real (1993) até chegar ao real (1994)
1994
Na tentativa de sanar a crise econômica, é lançado o real. Pela primeira vez, uma moeda brasileira traz a Efígie da República (aquele rosto feminino que também aparece nas cédulas). Em 1998, surgem atualizações em diferentes cores, tamanhos e metais para facilitar o manuseio
2014
A Casa da Moeda lançou nove itens comemorativos da Copa do Mundo. O de ouro pesa 4,4 g e custa R$ 1.180!
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FONTES Casa da Moeda do Brasil e Brasil Moedas Numismática
CONSULTOR Bruno Diniz, numismata