Qual a diferença entre drag queen, travesti e transgênero?
A drag queen é uma performance temporária, sem ligação com a orientação sexual. Já a pessoa transgênero e travesti lida com questões da própria identidade
PERGUNTA Guilherme Favaro, São Paulo, SP
1) TRANSGÊNERO
É o indivíduo que não se identifica com o gênero assinalado no seu nascimento. Em determinados contextos, a palavra pode ser sinônima de transexual ou ainda englobar uma série de outras identidades, como não binário (que não é exclusivamente homem ou mulher) e agênero (sem gênero). Muitas pessoas transgêneras buscam procedimentos médicos e estéticos, como a cirurgia de readequação sexual e a terapia hormonal, para adequar o corpo ao gênero ao qual pertencem. Mas elas podem ser consideradas transgêneras mesmo antes de passar por esses processos. Também é comum que adotem outro nome e lutem para incluí-lo em seus documentos.
2) DRAG QUEEN
É um(a) artista que usa roupas e elementos como peruca e maquiagem, frequentemente do gênero oposto, para fins de entretenimento. Não tem nada a ver com identidade de gênero ou orientação sexual: qualquer pessoa, homo, hétero ou bissexual, cis ou transgênera, pode ser uma drag queen (ou drag king, como são chamadas as mulheres com personagens masculinos). A palavra provém do polari, um dialeto inglês do século 19, que mais tarde passou a ser usado pela comunidade LGBT. Há quem diga que “drag” é um acrônimo para “dressed as a girl” (“vestido como uma garota”), supostamente presente em roteiros de teatro antigos, para orientar o diretor da peça.
3) TRAVESTI
É uma das várias identidades possíveis dentro do grupo de transgêneros. É comum associarem o termo à mulher transexual que não fez a cirurgia de readequação sexual, mas essa é uma percepção equivocada, já que não são os genitais que definem o gênero. A decisão de se reconhecer travesti (ou transexual) cabe à própria pessoa. A falta de oportunidade e a marginalização social desse grupo, muitas vezes, fazem com que ele seja associado à prostituição, embora as travestis estejam cada vez mais presentes no mercado de trabalho formal e no ensino superior.
Em 2017, 445 brasileiros LGBTs foram assassinados no país – ou seja, um a cada 19 horas. É um aumento de 30% em relação a 2016, quando a estatística chegou a 343.
CONSULTORIA Bárbara Aires, consultora em sexualidade e gênero, Dimitri Sales, presidente do Instituto Latino-Americano de Direitos Humanos e membro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo, e Maria Lúcia Macedo Pereira, especialista em sexualidade humana pela Faculdade de Medicina da USP
FONTES G1, UOL, SUPERINTERESSANTE, Senado Federal, Grupo Gay da Bahia