Adolf Hitler – O coisa ruim
Ele era um austríaco pobre com pretensões artísticas. Virou o ditador mais icônico do século 20, um genocida capaz de envolver toda a Alemanha em seu delírio de superioridade de raça - legado que ainda ecoa em grupos neonazistas. Algumas pistas para entender o fenômeno Hitler.
POR UM FIO
Ele nasceu em Braunau am Inn, Áustria, fronteira com a Alemanha, em 1889. Foi o quarto fi lho de 6 irmãos – o primeiro que vingou, já que os 3 primeiros morreram antes dos 3 anos de idade.
NEGANDO AS RAÍZES
O PEQUENO ADOLF DESDENHAVA A CASA DE HABSBURGO, DINASTIA BERANA NO IMPÉRIO AUSTRO-HÚNGARO. PREFERIA CANTAR O HINO NACIONAL ALEMÃO, PARA DESGOSTO DO PAI. QUANDO JOVEM, PARA NÃO SERVIR AO EXÉRCITO AUSTRÍACO, FOI MORAR EM MUNIQUE. MAIS TARDE, OFERECEU-SE PARA SER MENSAGEIRO NO EXÉRCITO ALEMÃO. A NHADA CIDADANIA GERMÂNICA SÓ VIRIA AOS 43 ANOS, POUCO ANTES DE SER O FÜHRER.
INSIGHT
Grande admirador do compositor alemão Richard Wagner, um dia o jovem Hitler foi assistir à sua opera Rienzi. Um amigo conta que o espetáculo criou nele um tipo de transe: saiu de lá falando com voz estranha sobre sua grande missão de conduzir o povo à liberdade, tal qual o protagonista da ópera.
GAROTO-PROBLEMA
Queria estudar artes. O pai, pragmático, matriculou-o numa escola técnica – equivalente ao nosso antigo científi co. Tinhoso, Hitler contra-atacou com um desempenho sofrível e, quando o pai morreu, em 1903, ainda foi expulso – saiu para beber no fi m das aulas e, de volta ao alojamento, usou o boletim como papel higiênico. (Na vida adulta, porém, ele não costumava beber).
Artista iniciante
AOS 18 ANOS, JÁ ÓRFÃO DE PAI E MÃE, TENTOU INGRESSAR NA ACADEMIA DE BELASARTES DE VIENA – FOI REJEITADO POR INAPTIDÃO DUAS VEZES, EM 1907 E 1908. COGITOU FAZER ARQUITETURA, MAS NÃO FOI ADIANTE. SEUS BIÓGRAFOS ACREDITAM QUE ELE NUNCA QUIS DE FATO ESTUDAR. PINTAVA MUITOS PRÉDIOS, QUE CONSEGUIA REPRODUZIR DETALHADAMENTE DEPOIS DE VER APENAS UMA VEZ, E GANHAVA A VIDA VENDENDO POSTAIS QUE DESENHAVA. MAIS TARDE, NO EXÉRCITO ALEMÃO, FAZIA CARTUNS PARA O JORNAL DOS LDADOS.
SEDE DE GUERRA
A 1ª Guerra Mundial foi importante para a autoestima do rapaz: recebeu duas honrarias pela coragem no cargo de mensageiro – o que exigia fi car exposto ao fogo inimigo, sem a segurança das trincheiras. Mas aí a guerra acabou e bateu uma frustração. Resolveu aceitar um cargo de propagandista em Munique, infl uenciando jovens soldados e os vigiando também. Foi quando descobriu seu dom inato para a retórica.
ORADOR DE BOTECO
Em Munique, virou líder do Partido Nazista. Num discurso infl amado em uma cervejaria, incitando um golpe no governo local, foi preso. Era 1923. Passou um ano na cadeia e escreveu o livro Minha Luta. Mais tarde Hitler se aproveitaria do mal-estar pós-derrota na 1a Guerra e pós-crise de 1929 para fazer o partido crescer vertiginosamente. Foi nomeado chanceler em 1933 e, em 1934, tornou-se ditador.
AS 3 PARÓDIAS MAIS ENGRAÇADAS DE A QUEDA
O DITADOR É HABITUÉ DO YOUTUBE, EM PARÓDIAS DA CÉLEBRE CENA DO CHILIQUE DO FILME A QUEDA – AS ÚLTIMAS HORAS DE HITLER, DE OLIVER HIRSCHBIEGEL.
01. Hitler não tolera ser comparado aos alunos da Uniban que hostilizaram Geisy Arruda https://bit.ly/AQuedaUniban
02. O ditador descobre que Michael Jackson morreu antes de tocar no seu aniversário https://migre.me/4qD6c
03. O Führer fez o Exame da OAB e descobre que a prova foi anulada https://migre.me/4qGrF
Megalomaníaco!
Admirador da arte clássica, queria ver nas construções alemãs a grandiosidade do Parthenon grego e das pirâmides egípcias. Planejou um auditório com 17 vezes mais lugares que a basílica de São Pedro, em Roma. Para humilhar os franceses, desenhou um Arco do Triunfo 70 metros mais alto que o original. Nenhuma dessas obras saiu do papel.
UM ESTETA
ELE FOI O RESPONSÁVEL PELA ADOÇÃO DA SUÁSTICA NO PARTIDO. O SÍMBOLO DE ORIGEM INDIANA COSTUMAVA REMETER À BOA RTE. HITLER AJUDOU PESALMENTE NO DESENHO DOS UNIFORMES, DAS BANDEIRAS E DOS PRÉDIOS NAZISTAS.
CARAS E BOCAS
Treinava retórica o tempo todo. Nunca desperdiçava uma deixa em um jantar. Seus gestos de palanque eram ensaiados com cuidado em frente ao espelho.
NO GOGÓ
Em seus discursos, Hitler frequentemente levava a plateia às lágrimas. Eis o trecho de um clássico discurso seu em Nuremberg: “Se alguém o chamar de imperialista, pergunte a ele: ‘Você não quer ser um?’ Se disser que não, então nunca poderá ser pai, porque aquele que tem um fi lho precisa se preocupar com o pão de cada dia”. E conclui: “Àquele a quem os céus deram a grandeza de decidir, eles também deram o direito de dominar”.
POR QUE OS JUDEUS?
De tempos em tempos surge uma teoria escalafobética que explica o ódio de Hitler por judeus. Já se falou num suposto médico judeu que não conseguiu salvar sua mãe da morte por câncer de mama. Ou numa prostituta judia que teria transmitido sífilis ao líder quando ele ainda morava em Viena. Há boatos de que Hitler padecia de monorquidia – teria apenas um testículo – e que a doença causaria hiperatividade, inadequação social, tendências a exagerar, mentir e fantasiar. Na verdade, não tinha muito segredo: ele foi infl uenciado desde criança pelo antissemitismo que corria solto na Áustria e no sul da Alemanha. Usar judeus como bodes expiatórios de crises em geral era estratégia recorrente na Europa desde o surgimento do cristianismo.
IGLU OU SAFÁRI
Antes dos campos de concentração, Hitler cogitou exilar os judeus na Sibéria ou na ilha de Madagascar.
LAVOU AS MÃOS
Alguns estudiosos, como Ron Rosenbaum, dizem que Hitler nunca pisou num campo de concentração e não tinha participação direta no modus operandi do Holocausto, embora desse carta-branca a seus subordinados para agir como achassem necessário.
Duro de matar
EM 1944, SEU TENENTE-CORONEL STAUFFENBERG PASU DE ADMIRADOR A CAÇADOR DA CABEÇA DO FÜHRER. ELE TINHA ACES FÁCIL AO HOMEM E PLANEJAVA EXPLODIR UMA BOMBA PARA MATÁ-LO E TOMAR O PODER. A GESTAPO DESCOBRIU O PLANO, E O TENENTE FOI MORTO EM REPRESÁLIA. ALGUMAS FONTES CONSIDERAM QUE ESSE TERIA SIDO O 42º ATENTADO CONTRA HITLER – ELE BREVIVEU A TODOS SEM FERIMENTOS GRAVES. PREVISIVELMENTE, IS O FEZ ACREDITAR QUE ERA UM PROTEGIDO DOS CÉUS.
Campos de horrores
Os mais revoltantes experimentos conduzidos pelos 350 médicos que atuavam em 6 dos 18 campos de concentração nazistas.
• Arrastando-se, prisioneiros do campo de Dachau lambiam o chão que acabara de ser limpo. Desesperadamente, eles buscavam ao menos uma gota de água doce para saciar a sede depois de quatro semanas bebendo exclusivamente água salgada. Eram cobaias dos experimentos sádicos conduzidos durante o Holocausto.
• O médico Sigmund Rascher inaugurou, também em Dachau, câmaras de baixa pressão para simular as condições de pilotos ejetados de seus aviões em grandes altitudes. Os efeitos do vácuo absoluto sobre o corpo eram indescritíveis e lá dentro os prisioneiros eram capazes de arrancar os próprios cabelos e unhas antes de desfalecer.
• Nos laboratórios de Hitler, judeus e ciganos eram submetidas a imersões em água geladíssima para estudar a hipotermia – quem conseguisse sobreviver era assassinado na sequência.
• Cérebros eram dissecados enquanto as pessoas estavam vivas. Jovens tinham seus ossos e músculos retirados sob a desculpa de que se estava estudando a capacidade regenerativa do corpo.
• Testes com gêmeos, como tentar “costurá-los” para ver se podiam se tornar siameses, eram algumas das ideias de virar o estômago levadas a cabo pelo doutor Joseph Mengele. Ele era o centroavante do time de carniceiros no campo de Auschwitz – o sinistro letreiro acima ficava lá, e nele se podia ler: “O trabalho liberta”.