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Após 2 meses de quarentena, China alivia restrições em Wuhan, epicentro da pandemia

Enquanto Europa, Estados Unidos e outros países fortalecem sua luta contra vírus, o país volta aos poucos para a normalidade.

Por Bruno Carbinatto
24 mar 2020, 18h06

Após dois meses de severas restrições de tráfego em suas cidades, o governo da China anunciou que vai gradualmente afrouxar as medidas de controle na província de Hubei, o epicentro da pandemia de Covid-19. A decisão vem após país conseguir diminuir drasticamente o nível de infecções em seu território – desde 18 de março, a província de Hubei só registrou um novo caso da doença vinda de transmissão local.

A partir de 25 de março, as estradas serão reabertas e todos os voos e trens saindo ou chegando das cidades de Hubei serão retomados, com exceção da capital Wuhan, a cidade onde o vírus surgiu. Por lá, as restrições só serão revogadas em 8 de abril. Até essa data, todas as pessoas que entrarem ou saírem da cidade deverão ter um “selo verde”, ou seja, precisam ser testadas para verificar se não têm a doença, segundo o anúncio das autoridades.

Fábricas e o comércio também poderão ser reabertos aos poucos, desde que tomem as medidas de precaução e higienes necessárias. Escolas, universidades e creches, no entanto, permanecerão fechadas por enquanto. 

Aos poucos, o país vem retornando à realidade após as drásticas medidas tomadas para conter a pandemia. No meio de janeiro, quando a doença começava a se espalhar, o governo colocou Wuhan e 14 outras cidades da província de Hubei em quarentena forçada, impedindo o movimento de mais de 60 milhões de pessoas. No ponto alto da crise, calcula-se que 780 milhões de chineses – mais da metade da população – estava sob algum tipo de restrição, sejam auto-impostas ou determinadas pelo Estado.

Quando foram colocadas em práticas, as medidas eram inéditas na história da humanidade – e causaram controvérsia. Afinal, não é fácil impedir o direito de ir e vir de milhões de pessoas. Mas, com um Estado forte e centralizador, a China conseguiu.

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E deu certo: no começo da epidemia, modelos matemáticos previram que o vírus tinha um R0 entre 2 e 4  – ou seja, cada pessoa infectada poderia levar a doença adiante para mais 2, 3 ou 4 pessoas. Mas esse valor varia de acordo com as condições. E, com as severas medidas de restrição, estimativas calculam que esse valor caiu para apenas 1,05 no território chinês, desacelerando bastante o ritmo da epidemia. 

Atualmente, os casos confirmados na China somam pouco mais de 81 mil. O número de verdade deve ser bem maior, por conta dos casos assintomáticos ou leves que não foram testados e não entram na conta. Mas, mesmo com esses, o total é bem menor do que se nada tivesse feito, segundo os estudos.

Especialistas afirmam ainda que, se as medidas tivessem sido tomadas antes, é possível que a redução fosse ainda maior. Um modelo matemático sugere que, se as restrições tivessem sido colocadas em prática uma semana antes, mais de ⅔ dos casos poderiam ter sido evitados. Se fosse três semanas antes, apenas 5% dos casos atuais aconteceriam.

Os resultados são consistentes com as evidências de outro estudo. Ele estimou que cidades que estabeleceram medidas restritivas antes do primeiro caso confirmado tiveram 37% menos casos do que outras cidades que só seguiram o mesmo caminho depois dos primeiros casos confirmados.

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O exemplo da China pode ajudar o Ocidente a enfrentar a pandemia – principalmente países como Itália, Espanha e Estados Unidos, considerados os novos focos da crise. Quase todos os países europeus já estabeleceram algum tipo de medida de restrição de movimento e incentivam o isolamento social entre a população – mas, em países democráticos e com Estado menos centralizador, não se sabe se o efeito será o mesmo da China.

No Brasil, medidas como essa vêm sendo tomadas aos poucos, principalmente em âmbito local. O governador do estado de São Paulo, João Doria, decretou quarentena em todo o estado por 15 dias.

Recentemente, a Índia decretou quarentena para todo o país por 21 dias – tomando o lugar da China no pódio de medidas mais extremas contra epidemias em toda a história, já que mais de um bilhão de pessoas serão afetadas.

Mas a quarentena e as restrições de movimento não são tudo – pelo contrário. Os países que estão tendo mais sucesso na luta contra a Covid-19 não necessariamente estão recorrendo a medidas drásticas. É o caso da Coreia do Sul, que está usando testes em massa da sua população para frear a pandemia. E de Singapura, que apostou na detecção rápida de seus primeiros casos e no isolamento deles e de todas as pessoas que tiveram contato. Hoje, o país tem “só” 558 infectados, apesar de ser um dos primeiros a receber a doença fora da China.

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E a própria China ainda não pode cantar vitória. Apesar de registrar poucos casos de transmissão interna, o país vem recebendo dezenas de casos “importados”, ou seja, de pessoas que pegaram a doença no exterior e retornaram. Agora, com o fim das restrições de movimento, é possível que uma “segunda onda” de infecção ocorra – as próximas semanas serão cruciais nesse sentido.

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