As técnicas mais absurdas já adotadas contra transtornos mentais
Indução a ataques epiléticos, injeção de sangue contaminado e lobotomia. A medicina já praticou - e premiou - práticas desoladoras
Ao longo do século XX, médicos colocaram em prática diversas técnicas para tentar combater os transtornos mentais. Algumas delas não tinham nada de são – pelo contrário. Mesmo assim, renderam até prêmios Nobel.
1. MALARIOTERAPIA
O psiquiatra austríaco Julius Wagner-Jauregg observou que pacientes com transtornos mentais, especialmente os decorrentes da sífilis, melhoravam quando tinham febre. Então passou a injetar sangue contaminado de pacientes com malária – a febre alta decorrente faria o resto. Isso rendeu a Jauregg o Nobel de Medicina em 1927.
2. BANHOTERAPIA
O doente era imerso em uma banheira de água gelada. Depois, enrolado em lençóis molhados. Achava-se que o choque térmico aumentaria o “sentimento de corporalidade” em esquizofrênicos. Isso porque é comum o esquizofrênico achar que parte de seu corpo não lhe pertença, o que pode levar a mutilações, como arrancar os olhos.
3. COMA DE INSULINA
Foi introduzido em 1933. Injetavam-se altas doses de insulina no paciente, 6 dias por semana, por até dois anos. Isso derrubava o nível de glicose, levando ao coma. Uma hora depois, o paciente recebia uma dose de glicose. Convulsões eram comuns. Bizarro, mas isso reduzia a “hostilidade” dos pacientes.
4. CARDIAZOL
Médicos concluíram que convulsões eram benéficas. Então um psiquiatra húngaro teve em 1934 a ideia de aplicar um estimulante cardíaco que, em altas doses, levava ao ataque epiléptico. Só que, até perder a consciência, a pessoa sofria até 3 minutos de um terror indescritível. A técnica foi derrubada pelo eletrochoque, em 1938.
5. PSICOCIRURGIA
Em 1935, o português António Egas Moniz experimentou cortar as conexões do córtex pré-frontal injetando álcool por um buraco para danificar tecidos cerebrais. Pacientes ficavam totalmente apáticos – e Moniz ganhou o Nobel. A melhoria da técnica – a lobotomia – virou regra em manicômios até os anos 1970.
Para saber mais
A História da Loucura na Idade Clássica
Michel Foucault, 1997, Perspectiva.
A Loucura e as Épocas
Isaias Pessotti, 1994, Editora 34.