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Choque na medula faz paraplégicos andarem novamente

Eletrodos instalados no lugar da lesão forneceram o estímulo necessário para pacientes recuperarem os movimentos

Por Ingrid Luisa
25 set 2018, 18h40

A paraplegia é um dos estados que mais instiga a medicina. Em termos técnicos, ela é a incapacitação das funções sensoriais e motoras nas extremidades inferiores do corpo. Traduzindo: ela faz com que as pessoas não consigam ter controle das pernas (e, muitas vezes, da bexiga e do intestino, resultando em diversas doenças). Mas a causa dela, quando não é algo crônico, é o mais intrigante para os médicos: uma lesão na medula espinhal.

É simples e complexo ao mesmo tempo. Imagine a situação: você está com todos os seus movimentos funcionando perfeitamente, mas um acidente qualquer gera uma pressão excessiva no seu pescoço ou coluna, causando uma fratura na região. Resultado: paralisia permanente. Suas pernas podem não ter sofrido um arranhão, mas você nunca mais conseguirá mexê-las.

Isso acontece porque sua coluna vertebral, formada por trinta e três ossos arredondados e planos, protege a medula espinhal. A medula é uma parte do sistema nervoso que conduz mensagens (impulsos elétricos nervosos) do corpo até o cérebro, além de coordenar atividades musculares e reflexos. Se um acidente causar a separação de um pedaço minúsculo de algum osso da coluna, ou se algum fragmento vertebral lesionar a medula, ela acaba perdendo a conexão com o cérebro. É como se o caminho da mensagem fosse interrompido. E o resultado pode chegar a uma paralisia total do ponto da fratura até o final da coluna.

Há anos, cientistas investigam formas de reconstruir essa frágil, mas tão crucial ligação. Retransmitir essas mensagens e retomar os movimentos. Recentemente, diversos estudos americanos fizeram pessoas voltarem a andar pelo mesmo método: eletrodos implantados na medula.

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Em um estudo do Centro de Pesquisa de Lesão Medular na Universidade de Louisville, cientistas implantaram uma série de 16 eletrodos (que produzem estímulos elétricos) na parte inferior das costas de quatro pacientes, paralisados ​​após acidentes anos antes.

Cada eletrodo foi colocado exatamente abaixo do local da lesão do paciente, ou seja, na região que, antes de ficar comprometida, enviava as mensagens sensoriais e motores para as pernas. Assim, ele conseguiu produzir um impulso elétrico que “acordou” a região e restabeleceu a comunicação.

Ao mesmo tempo, uma bateria foi implantada na parede abdominal, permitindo que a frequência do estímulo, sua intensidade e duração fossem ajustados sem fio. A atividade elétrica produzida pelos músculos das pernas foi monitorada durante as sessões do estudo.

Essa abordagem, chamada de estimulação epidural, atua com base no princípio de que, mesmo depois da lesão, existiam pequenos sinais do cérebro que atravessam toda a medula espinhal. Mas eles sozinhos não eram suficientes para gerar movimentos voluntários. Os eletrodos deram a forcinha necessária.

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Após a implantação do dispositivo e longas fisioterapias, dois pacientes foram finalmente capazes de andar sem ajuda. Kelly Thomas conseguiu após 81 sessões de estimulação durante 15 semanas, apesar de ter que usar um andador. Já Jeff Marquis precisou de 278 sessões ao longo de 85 semanas para andar pouco mais de 90 metros ininterruptos.

Outro estudo, de pesquisadores da Clínica Mayo, em Minnesota, e da Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla) também relatou sucesso com a mesma abordagem. A equipe revela que, após 43 semanas de treinamento com o implante, Jered Chinnock conseguiu andar em uma esteira, mas com um pouco de assistência humana para manter o equilíbrio. Ele, no entanto, não recuperou a sensação em suas pernas.

A pesquisadora Claudia Angeli, coautora do estudo da Universidade de Louisville, afirmou que programar o eletrodo para oferecer os melhores resultados leva tempo, pois exige um bom equilíbrio para sintonizar a intensidade do estímulo. Se for muito alto, pode desencadear movimentos involuntários, já se forem muito baixos, o cérebro continuará não recebendo as mensagens.

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Mesmo assim, ela acredita que essa abordagem é uma esperança nunca antes vista na vida das pessoas que tiveram seus movimentos paralisados. E que pode ajudar além do que se imagina: “uma direção futura que estamos realmente começando agora é ver se temos como alvo a estimulação epidural para a bexiga, se podemos realmente melhorar o controle da bexiga por esses pacientes”, disse em comunicado.

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