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Cientistas propõem “observatório global de sangue” para evitar próxima pandemia

Plataforma quer testar amostras aleatórias de pacientes em busca de micróbios causadores de doenças, o que poderia prever surtos futuros.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 16 jun 2020, 19h20 - Publicado em 16 jun 2020, 18h48

A pandemia de Covid-19 criou um novo desafio para a ciência global, mas não foi a primeira a doença a desafiar a humanidade – e nem será a última. Enquanto muitos pesquisadores se voltam para o combate do novo coronavírus, alguns já pensam em estratégias para prever a próxima crise de saúde global e se preparar para evitar o pior.

Em artigo publicado na revista eLife, pesquisadores americanos da Universidade Harvard e Universidade de Princeton propõe um modelo teórico para o que chamam de “Observatório Global de Imunologia” (GIO, da sigla em inglês).

A plataforma reuniria dados de milhões de amostras de sangue e outros fluídos humanos a fim de procurar por patógenos (micróvios nocivos à saúde) conhecidos e desconhecidos e rastrear o espalhamento de doenças com antecedência. Isso, segundo os cientistas, poderia evitar uma futura epidemia.

O sistema funcionaria através de testes de anticorpo em amostras aleatórias e anônimas de pacientes em todo o mundo. Essas amostras seriam colhidas para diversos fins, como exames de rotina, doações de sangue e até mesmo o famoso “teste do pezinho” feito em crianças recém-nascidas.

As amostras seriam identificadas apenas pela região geográfica, e não com detalhes específicos de cada paciente, como forma de manter a privacidade. A tecnologia para identificar milhares de anticorpos em amostras de sangue já existe e é vendida por empresas privadas como a VirScan e a Luminex, e podem realizar testes em massa rotineiramente – o que, ao menos na teoria, torna o projeto teoricamente viável.

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Anticorpos são substâncias produzidas por nosso organismo quando um patógeno entra em nosso corpo. Eles são específicos, ou seja, cada anticorpo só consegue se ligar e neutralizar um único tipo de vírus ou bactéria, por exemplo. Por isso, identificar um anticorpo permite saber se aquela pessoa tem uma determinada doença infecciosa (ou teve, já que anticorpos geralmente permanecem por bastante tempo no organismo).

O Observatório proposto poderia observar um aumento de casos (incluindo assintomáticos) de diversas doenças em diferentes locais, dando oportunidade para as autoridades de saúde agirem com rapidez.

Quando falamos em doenças emergentes, como é o caso da Covid-19, obviamente não temos conhecimento de seus anticorpos específicos. Mas o surgimento em massa de um novo anticorpo não identificado em amostras de sangue seria uma pista de que há um novo patógeno circulando por aquela população – o que permitira prever um surto.

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Apesar do nome “Global”, a equipe pretende começar a plataforma apenas nos Estados Unidos, pelo menos por enquanto. Um obstáculo, no entanto, ainda é o financiamento da ideia. Por ora, negociações estão sendo feitas com grandes organizações filantrópicas voltadas à saúde pública, segundo disse o pesquisador Michael Mina à revista Science.

Cientistas já conseguiram apoio financeiro da fundação Open Philanthropy para montar um laboratório piloto, que consistirá em reunir milhares de amostras aleatórias de sangue da empresa privada Octapharma para testar as tecnologias de detecção de anticorpos em massa e simular como o Observatório funcionaria no cenário da pandemia de Covid-19.

Outros cientistas e especialistas em saúde pública elogiaram o modelo proposto, apesar de lembrar que os obstáculos financeiros, logísticos e técnicos do projeto serem grandes.

Atualmente, a maioria dos países utiliza um sistema de vigilância de saúde que consiste em hospitais, médicos e secretarias de saúde locais reportarem anormalidades a instâncias superiores, mas essa lógica geralmente leva tempo.

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Em Wuhan, por exemplo, o surto da Covid-19 só foi identificado no final de dezembro de 2019, mas acredita-se que o vírus circulava no país já em novembro. Como anticorpos surgem no corpo humano uma ou duas semanas depois da infecção, em geral, é possível que uma anormalidade nos anticorpos seria detectada bem antes nas amostras dos pacientes.

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