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Como funciona o soro para Covid-19 testado pelo Instituto Butantan

Produzido a partir do plasma de cavalos, ele busca amenizar os sintomas de pacientes já infectados pelo vírus. Entenda.

Por Carolina Fioratti
9 mar 2021, 16h18

Na última semana, o Instituto Butantan submeteu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o pedido de autorização para o início de testes clínicos do soro anti-Sars-CoV-2. Ao contrário das vacinas, o composto desenvolvido pelo Butantan deve ser utilizado quando o paciente já está infectado pelo vírus, e não como medida preventiva. 

Seu processo de fabricação é simples: primeiro, os cientistas injetam o coronavírus inativado em cavalos – ou seja, o vírus está inteirinho ali, mas não é capaz de causar a doença no animal. Os pesquisadores utilizaram radiação para inativar o Sars-CoV-2, contando com o auxílio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). 

Depois de ser infectado com essa versão modificada do vírus, o cavalo começa a produzir anticorpos. A escolha do animal não é à toa: as proteínas de defesa geradas por ele são 50 vezes mais concentradas do que as produzidas por humanos. A partir daí, os cientistas extraem o plasma sanguíneo do equino e o purificam. Depois, o produto ainda precisa cumprir uma série de etapas para garantir o controle de qualidade.

Ao final, restam apenas anticorpos envasados. O soro, ao ser oferecido às pessoas doentes, age no organismo combatendo o vírus e evitando sua replicação. Por enquanto, o produto foi testado apenas em hamsters infectados. Os cientistas aplicaram uma única dose de soro no roedor cerca de dois dias após o contato do animal com o Sars-CoV-2. O resultado foi um sucesso, mostrando diminuição da carga viral, preservação das funções pulmonares e mudança da resposta inflamatória.

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Com a liberação da Anvisa, o Instituto Butantan poderá iniciar os testes em humanos. Feito isso, primeiro os pesquisadores terão que aplicar o soro em um número restrito de pacientes, apenas para avaliar a segurança do composto e também a quantidade ideal de doses a serem oferecidas. Apresentando resultados positivos nessa primeira fase, os pesquisadores poderão seguir para ensaios clínicos maiores buscando avaliar a eficácia do soro contra a Covid-19. 

Os primeiros voluntários serão pacientes transplantados no Hospital do Rim e pessoas com comorbidades internadas no Hospital das Clínicas. O Instituto Butantan conta com 3 mil doses prontas para a fase de testes e outras 3 mil apenas aguardando o envasamento. 

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E qual a vantagem de ter um soro agora que já temos vacinas no país? Um complementa o outro. Além das pessoas ainda não vacinadas, há também os pacientes com sistema imune suprimido devido ao transplante de órgãos ou tratamento para câncer e doenças autoimunes. A imunidade passiva – ou seja, que tem duração limitada- oferecida pelo soro é essencial nestes casos. 

O Instituto Butantan não é o único a investir no soro anti-Covid-19. No ano passado, pesquisadores do Instituto Vital Brasil, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), anunciaram um tratamento parecido. A única diferença é que eles injetavam no cavalo apenas a proteína spike produzida em laboratório, e não a estrutura completa do vírus inativado.

O mesmo foi feito na Argentina, país em que o soro está sendo aplicado em humanos desde janeiro, com autorização da Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (Anmat). Até agora, foram apresentados resultados bastante positivos. Dados divulgados pela Universidade Nacional de San Mantín e expostos no portal G1 mostram que, considerando os 242 voluntários envolvidos nos testes, houve uma redução de 24% na necessidade de internação por UTI. Além disso, a mortalidade apresentou queda de 45% e o uso de suporte respiratório mecânico caiu 36%.

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