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Coronavírus: há riscos para grávidas, bebês e crianças?

Pesquisas mostram que esses grupos sofrem de Covid-19 de maneira leve – mas podem transmitir a doença tanto quanto adultos.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 25 mar 2020, 12h30 - Publicado em 17 mar 2020, 18h12

Na terça-feira (17), o número de casos confirmados do novo coronavírus no Brasil chegou à marca dos 291. A recomendação do Ministério da Saúde é o isolamento, principalmente para os grupos de risco – que abrangem idosos, diabéticos, asmáticos e hipertensos.

A surpresa, para muitos, é a falta de gestantes e crianças nessa lista. No caso de outras gripes, como a causada pelo vírus influenza, eles fazem parte da lista de pessoas cuja atenção deve ser redobrada. Qual é a diferença do SARS-Cov-2? As pesquisas sobre o tema ainda são escassas, mas há algumas hipóteses que podem nos aproximar de respostas mais certeiras.

Por enquanto, estudos mostram que não há riscos sérios para esses grupos. Para começo de conversa, deve-se lembrar que mulheres grávidas passam por diversas mudanças hormonais durante o primeiro trimestre de gestação. Isso pode enfraquecer o sistema imunológico, tornando-as suscetíveis a gripes e resfriados. Nesse período, os riscos de aborto espontâneo são maiores – ocorrem, aproximadamente, em 25% dos casos. Por isso é tão difícil relacionar a doença aos abortos no estágio inicial. 

Um relatório da Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong, na China, acompanhou quatro grávidas que estavam próximas da hora do parto na cidade de Wuhan. As mães não apresentaram complicações. Os bebês não nasceram com sintomas da doença, como febre, tosse ou diarréia. Três deles foram submetidos ao teste de Covid-19, todos deram negativo – o quarto não foi testado pois os pais não autorizaram. Alguns dos bebês apresentaram erupções cutâneas, outro teve taquipnéia (respiração acelerada), mas recebeu um aparelho para ajudar na ventilação e melhorou após três dias. 

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Pat O’Brien, vice-presidente do Royal College of Obstetricians and Gynecologists, no Reino Unido, comentou em entrevista à New Scientist sobre outros estudos desenvolvidos acerca do tema. Ele explica que, em um relatório que envolveu 15 mulheres, não apareceram diferenças nos sintomas de grávidas e não grávidas. As gestantes tiveram boa recuperação sem precisarem recorrer a antivirais. 

Também dá para ficar tranquilo quanto à amamentação. Um estudo da revista The Lancet mostra que o vírus não é transmitido pelo leite materno. Mas a recomendação é usar máscaras e estar com as mãos higienizadas no momento da amamentação. Amostras de líquido amniótico (que envolve o feto) e sangue do cordão umbilical também deram negativo para os testes de SARS-CoV-2.

Crianças

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As crianças são menos suscetíveis a apresentar sinais graves da doença. Também há menos registros de pequenos infectados. Na China, por exemplo, apenas 1% dos pacientes tinha até 10 anos. A taxa de mortalidade foi zero. 

Não se sabe dizer ao certo por que esses casos são menos graves, mas pesquisadores acreditam que possa ter relação com o desenvolvimento do sistema imunológico das crianças. No momento em que células imunes tentam atacar o vírus no pulmão, elas podem acabar bloqueando a captação de oxigênio do órgão. Essa é uma resposta imune chamada “tempestade de citocinas”, que pode ser fatal. Como a imunidade das crianças ainda está se desenvolvendo, pode ser que fiquem imunes contra essa resposta. 

Outra hipótese é que os pequenos, diferentemente dos adultos, nunca foram expostos a outros coronavírus causadores de tosse e resfriado. Ou seja, não criaram anticorpos anteriores – que talvez, estejam até piorando os casos em adultos – por não serem compatíveis com o SARS-CoV-2. “Às vezes, anticorpos ​​podem ser mais prejudiciais do que benéficos” disse Wendy Barclay do Imperial College London à New Scientist. As crianças também apresentam recuperação rápida – de, no máximo, duas semanas. 

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Mas é importante lembrar que grávidas, bebês e crianças podem transmitir o vírus a outras pessoas, independente da forma que são afetadas pela doença. Por isso, o mais importante para conter a pandemia continua sendo o isolamento, além da higienização constante de mãos e objetos. 

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