Crianças que tomam leites vegetais são menores, revela estudo
As bebidas à base de amêndoas, soja e afins — embora saudáveis — não ofereceriam nutrientes essenciais para o crescimento dos pequenos
Na busca por alternativas ao leite de vaca, uma porção de gente decidiu investir nas bebidas feitas com cereais, oleaginosas e sementes. Acontece que, em termos nutricionais, elas são bem diferentes do líquido fabricado naturalmente pela vaca – daí porque muitos especialistas defendem que devemos chamar esses produtos de extratos vegetais, e não de leite.
Só que essas particularidades nutritivas trariam mais do que um problema semântico. De acordo com um estudo recente, conduzido por pesquisadores do St. Michael’s Hospital, no Canadá, crianças que tomam extratos de amêndoas e soja, por exemplo, costumam ser mais baixas do que aquelas que recebem leite de vaca.
Para sermos mais exatos, ao analisarem 5034 meninos e meninas de 2 a 6 anos de idade, os experts notaram que a diferença de altura de uma criança de 3 anos que tomava três copos de extrato vegetal para outra da mesma idade que bebia três copos de leite de vaca era de 1,5 centímetros.
Outro dado: para cada copo de bebida vegetal consumido por dia, o voluntário mirim era 0,4 centímetros mais baixo do que a média para sua idade. Embora pareçam diminutos, esses números chamaram a atenção dos experts — a preocupação é com o desenvolvimento pleno da garotada.
Embora a pesquisa não tenha se dedicado a esclarecer o motivo dessa discrepância, os autores acreditam que os pequenos consumidores de extrato de amêndoas e companhia acabam ingerindo menos proteínas e gorduras do que o time do leite de vaca — e esses dois nutrientes são essenciais para garantir o crescimento adequado.
Em material divulgado pelo St. Michael’s Hospital, é informado que dois copos de leite de vaca concentram 16 gramas de proteínas, ou seja, um valor que já representa 100% das necessidades desse nutriente entre crianças de 3 anos.
Por outro lado, a mesma quantidade de extrato de amêndoas teria 4 gramas de proteínas – 25% da dose indicada nessa fase da vida. Só que as crianças podem não receber proteína suficiente de outras fontes alimentares para atingir os 100%, lembrou Jonathon Maguire, um dos autores da investigação.
“Se esses produtos estão sendo divulgados como equivalentes ao leite de vaca, eu, como consumidor e pai, gostaria de saber se eles realmente são semelhantes em termos de efeitos no crescimento das crianças”, arrematou Maguire.
A questão do cálcio
Outro nutriente que requer avaliação minuciosa ao levar extratos vegetais para casa é o cálcio, essencial para o esqueleto e os dentes. É que muitas vezes a quantidade não ajuda tanto assim a chegar nos 1000 miligramas recomendados pelos experts – mesmo quando o produto é enriquecido com o mineral.
Se preparar a bebida em casa, lembre-se que ela terá características nutricionais da base usada na receita. Vamos supor que seja o arroz. Em 100 gramas dele encontramos 4 miligramas de cálcio. Já em 100 gramas de nozes, são 105 miligramas do mineral. Enquanto isso, um copo de leite de vaca costuma reunir entre 250 e 350 miligramas do nutriente que fortalece os ossos.
Como dá para notar, apesar de os líquidos terem cor e textura semelhantes, o conteúdo dentro do copo está longe de ser idêntico.
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Saúde