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De milagrosos a malditos (e vice-versa)

Outro exemplo das reviravoltas da medicina são as recentes decisões do Ministério da Saúde, que baniu várias substâncias.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h33 - Publicado em 31 out 2001, 22h00

Guilherme Kamio

Mais e mais a medicina nos dá mostras de que a cautela é o melhor remédio. Diversos medicamentos antes considerados seguros e eficazes têm revelado efeitos nocivos à saúde. Alguns até se mostraram potencialmente letais. Veja a história da infame talidomida. Nos anos 60, era um remédio muito usado contra o enjôo. Milhares de mulheres grávidas tomaram o medicamento no mundo todo. Resultado: 10 000 crianças nasceram malformadas, sem um braço ou uma perna. A talidomida foi banida, virou substância maldita, sinônimo de veneno. Hoje descobriu-se que, tomada com o devido cuidado e evitada por gestantes, ela é um remédio fantástico, que auxilia até no tratamento de câncer.

Outro exemplo das reviravoltas da medicina são as recentes decisões do Ministério da Saúde, que baniu várias substâncias que até outro dia pareciam mais inofensivas que caldo de galinha. Quem poderia imaginar que o velho e bom mercurocromo é capaz de causar danos ao sistema nervoso? Ou que famosos antigripais podem levar a um derrame cerebral?

“Não existem verdades definitivas ou prolongadas no universo dos medicamentos”, diz Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Nenhum remédio é todo bom ou inteiro ruim (um motivo a mais para você nunca, em hipótese nenhuma, se automedicar). Veja, abaixo, alguns exemplos recentes de drogas amaldiçoadas e reabilitadas.

Nem tão bons…

Remédios tidos como eficientes que se revelaram nocivos
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Substância – Fenilpropanolamina

Encontrada em – Antigripais e remédios para emagrecer

Proibida porque – Aumenta o risco de derrames

Substância – Ácido bórico

Encontrada em – Alguns talcos, pomadas, colírios e água boricada

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Proibida porque – Pode provocar intoxicações, insuficiência renal, alterações gastrointestinais e neurológicas e até matar

Substância – Astemizol

Encontrada em – Antialérgicos contra rinite, conjuntivite e urticária

Proibida porque – Pode aumentar o risco de arritmias cardíacas

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Substância – Terfenadina

Encontrada em – Antialérgicos

Proibida porque – Há risco de arritmia cardíaca quando o paciente é hepático. Junto com certos remédios pode até matar

Substância – Tiomersal (sal de mercúrio)

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Encontrada em – Anti-sépticos como mercurocromo

e Merthiolate

Proibida porque – A alta exposição ao mercúrio presente nesses produtos pode causar danos ao sistema nervoso e às vísceras

…Nem tão ruins

Venenos que estão se revelando ótimos medicamentos
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Substância – Talidomida

Malvista por – Causar problemas no sistema nervoso

Reabilitada porque – Revelou-se um coadjuvante eficaz no tratamento de hanseníase, e má-formação de fetos. O uso durante

lúpus, mieloma múltiplo e artrite reumatóide. Combate efeitos a gestação continua desaconselhado

colaterais da quimioterapia e do tratamento da Aids

Substância – Dipirona

Malvista por – Trazer risco de agranulocitose, doença caracterizada pela diminuição dos glóbulos brancos. Encontrada na Novalgina e no Doril

Reabilitada porque – Seus efeitos hematológicos foram reavaliados e percebeu-se que ela é mais segura do que se imaginava

Substância – Arsênico

Malvista por – Ser um veneno perigosíssimo. Napoleão morreu envenenado pela substância

Reabilitada porque – Médicos chineses descobriram que ele ajuda no tratamento de leucemia. Há estudos para usá-lo contra outros tipos de câncer

Substância – Ácido acetilsalicílico

Malvista por – Causar convulsões em crianças com gripe e catapora. É o princípio ativo de antigripais

como o AAS e a Aspirina

Reabilitada porque – Descobriu-se que é eficaz no tratamento da doença de Kawasaki, um mal raro e grave. Protege contra enfartes

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