Eles dão um banho
Cristo andou sobre as águas. Para alguns malucos, isso é coisa de principiante
Mariana Mello
Cair na água gelada e passar frio sob o vento são detalhes. Nada que uma boa dose de adrenalina não ajude a superar. É disso que os surfistas big riders (especialistas em ondas grandes) estavam atrás quando inventaram o Tow In Surf: rebocados por um jet ski, encaram ondas enormes. Tem também a Wake Board, uma evolução alucinada do esqui aquático, e o Kite Surf, no qual o atleta se segura numa pipa imensa para turbinar sua prancha. É melhor você se agarrar ao colete salva-vidas. Começa aqui a terceira e última reportagem da série “Esportes radicais”.
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Vai ter que rebocar
Jet ski ajuda a surfar em ondas gigantes
Para enfrentar as imensas ondas que passam de 13 metros de altura, os surfistas do Havaí desenvolveram uma modalidade chamada Tow In Surf (tow é rebocar em inglês). No surf convencional, para chegar até uma onda é preciso remar, o que gasta muita energia quando o mar está agitado demais. O jet ski resolve esse problema e ainda ajuda o surfista a escapar do violento estouro da onda. “Nesse esporte o parceiro te leva e te salva depois”, diz o veterano Romeu Bruno, 37 anos, da equipe Power Surf Team, um grupo de oito surfistas que praticam Tow In.
Prancha nas alturas
Uma mistura radical de surf com esqui
Wake, é marola, board é prancha. A idéia do Wake Board esporte é saltar, girar, dar cambalhotas e fazer manobras com a prancha usando como rampa as marolas criadas pelo barco. O atleta fica com os pés presos por uma bota sobre uma prancha e é puxado por uma corda amarrada ao barco. “O esporte é tão aéreo quanto aquático”, diz o instrutor André Figueiredo, de 28 anos. “É preciso ter muito preparo físico, especialmente nos braços, pernas e abdome.” A bota é feita de EVA, um tipo de borracha que não deixa os pés escorregarem, e é tão apertada que, para calçá-la, é preciso lambuzar os pés em detergente.
Movido a pipa
O mais original dos esportes aquáticos
O Kite Surf é o caçula dos esportes radicais de água: não tem mais que três anos. E é também o mais estranho. O princípio é deslizar sobre a água numa prancha puxada por uma pipa parecida com um pára-quedas. Ela é ligada por cabos compridos presos na barra de direção comandada pelo atleta. O objetivo é levantar vôo sobre a prancha e fazer manobras no ar usando a força do vento. “No Havaí, com ventos de 50 quilômetros por hora, é possível dar saltos de 20 metros de altura e passar 8 segundos no ar”, afirma Luiz Roberto de Moraes, o Formiga, um dos pioneiros em Kite no Brasil. Nossos ventos, mais modestos, são suficientes para erguer o atleta 3 metros acima da água.