Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Gagueira: guerra no cérebro

Uma pesquisa liderada da Universidade do Texas mostra que há uma estreita relação entre casos de gagueira e falhas na lateralização da fala.

Por Verônica Magalhães
Atualizado em 24 nov 2016, 16h08 - Publicado em 30 abr 2003, 22h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Você gagueja? Isso pode ser um sintoma de que está em curso uma batalha em seu cérebro: uma disputa entre os hemisférios direito e esquerdo pelo controle daquilo que você fala. Uma pesquisa liderada pelo neurocientista Peter Fox, da Universidade do Texas, mostrou que há uma estreita relação entre casos de gagueira e falhas na lateralização da fala. “Originalmente uma especialidade da metade esquerda do cérebro, a fala é alterada nas ocasiões em que o lado direito resolve se manifestar”, diz Fox. Com ordens distintas para que as palavras se articulem e os músculos se contraiam, os comandos se misturam e a pessoa gagueja.

    Publicidade

    Monitorando imagens de tomografia, Fox mapeou a atividade do cérebro de 20 pessoas – dez normais e dez que gagaguejavam desde a infância. Quando as pessoas que não gaguejam falavam em voz alta, as zonas que controlam os movimentos da boca, a geração de programas motores e a monitoração auditiva da fala estavam todas ativas do lado esquerdo do cérebro. Quando os gagos repetiram a experiência, ficaram mais ativos os sistemas motores do lado direito.

    Publicidade

    Fox então pediu aos voluntários que lessem um texto em coro. O jogral evitou que eles gaguejassem e as imagens do cérebro mostraram que o sistema motor realmente se acalmou. Ou seja: a gagueira é mesmo um distúrbio que se limita à fala normal. Cantar, ler de forma ritmada, sussurrar, gritar e falar em coro são verdadeiros remédios.

    O pesquisador Joseph Kalinowski, do Departamento de Ciência da Comunicação e Distúrbios da East Carolina University, já sabia disso. Ele pesquisa há 12 anos um remédio para a gagueira. A década de pesquisa culminou com a fabricação de um aparelhinho parecido com aqueles usados por deficientes auditivos. A maquininha, que custa 4 mil dólares (os interessados devem mandar e-mail para kalinowskij@mail.ecu.edu), chama-se Speech Easy e faz o gago ouvir sua própria voz com atraso ou alteração de frequência. Segundo o pesquisador, melhora a gagueira de 50% a 95% em 90% dos casos. Kalinowski sabe do que está falando. Ele é gago.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    “O mecanismo consiste em fazer o cérebro crer que está falando em coro ou cantando”, diz Kalinowski, a primeira pessoa a usar o aparelho, em abril de 2001. Em uma entrevista à televisão, ele tirou o aparelho da orelha. Foram angustiantes minutos até que conseguisse dizer seu nome. Com a maquininha de volta ao ouvido, a conversa prosseguiu.

    A demonstração permite dizer que o tal Speech Easy está para a gagueira assim como os óculos estão para a miopia: corrige o desvio, mas não cura o distúrbio. Bom. Já é um cocomeço.

    Publicidade

    A gagueira está no cérebro. Mas a cura pode estar na orelha

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 12,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.