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Metade das mulheres com câncer de mama inicial poderia ficar sem quimio, diz estudo

O segredo, descoberto após cinco anos de observação das pacientes, está nos genes.

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h58 - Publicado em 25 ago 2016, 18h15

A quimioterapia tem uma serie de efeitos colaterais: queda de cabelo, possível falha cardíaca e até leucemia. Isso é preocupante, mas pode ser que ela não seja necessária em todos os casos de câncer: um estudo publicado essa semana mostra que 46% das mulheres nos estados iniciais do câncer de mama podem optar por não passar pela quimio – com pouco risco do tumor crescer ou se espalhar nos cinco anos seguintes. O segredo está nos genes. 

Tradicionalmente, todas as mulheres com câncer de mama recebem quimioterapia, independente do estágio da doença. Isso porque os médicos não têm como diferenciar as pacientes que se beneficiam do tratamento e as que simplesmente sofrem os efeitos colaterais sem benefício nenhum. Mas, com os resultados do estudo, essa generalização do tratamento pode se tornar coisa do passado.

O estudo se baseia na análise da interação dos genes das pacientes – o chamado “teste genômico”. Basicamente, o que o teste genômico faz é analisar a atividade dos genes que ajudam a proteger o corpo do tumor – os que barram seu crescimento e sua multiplicação. Se esses genes estiverem ativos na mulher, ela é classificada como uma paciente de baixo risco genômico. 

Esse tipo de teste já é feito há pelo menos dez anos, mas só agora os cientistas conseguiram checar se o baixo risco genômico é, realmente, um indicativo de que a pessoa não precisa fazer quimioterapia. Isso porque a pesquisa foi a maior, mais longa e mais rigorosa até agora sobre o tema: os pesquisadores analisaram os genes de 6.693 mulheres em 9 países e 112 hospitais da Europa, todas com o tipo de câncer de mama mais comum (que ataca três quartos das pacientes no mundo), e todas ainda nos primeiros estágios da doença – quando o tumor tem até 5 cm e ainda não se multiplicou para mais de três nódulos diferentes. Algumas das participantes também já tinham passado por tratamentos iniciais contra o câncer, como cirurgia, terapia hormonal e a própria quimioterapia. 

Foram seis anos de observação dessas mulheres. Primeiro, usando o teste genômico, os cientistas determinaram aquelas cujos tumores tinham menos chances de crescer ou de se multiplicar. Eles também fizeram exames clínicos que, atualmente, são usados para definir o risco do câncer (chamado de risco clínico) – e em alguns casos, os dois testes não batiam: havia 1.550 mulheres com risco clínico alto, mas com um risco genômico baixo. 

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Eram elas as que os cientistas queriam estudar para determinar se o teste genômico pode ser mais confiável que o clínico – ou, pelo menos, tão confiável quanto. Algumas dessas mulheres receberam quimioterapia, outras não, e nos cinco anos seguintes os cientistas observaram todas elas, para ver se o câncer se espalhava para outros órgãos. 

Os resultados foram surpreendentes: das pacientes com baixo risco genômico e que não receberam quimioterapia, 94,4% não tiveram aumento ou espalhamento do tumor (mesmo entre as que apresentaram alto risco clínico quando examinadas). Mesmo assim, as que receberam o tratamento quimioterápico foram ainda melhores: 95.9% não pioraram depois dos cinco anos de estudo.

Comparando esses dois extremos, os médicos chegaram à conclusão de que 46% das mulheres nos estágios iniciais do câncer de mama podem, sem perigo, optar por nãp fazer quimioterapia – mesmo que os exames clínicos apontem um risco alto da doença piorar. 

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Claro que o objetivo do estudo não é acabar com a quimioterapia, mas ajudar os médicos a determinar se esse é o melhor tratamento para pacientes específicas – a ideia é evitar os efeitos colaterais para quem não vai ganhar nada com isso. 

Mas ainda há muito a estudar sobre esse novo teste. Agora, os cientistas pretendem continuar observando essas 1.550 mulheres nos próximos 10 anos, para ter certeza de que os resultados se mantêm a longo prazo. 

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