Nanoplásticos podem penetrar no cérebro
Numa experiência em ratos, pedacinhos ingeridos junto com a comida atravessaram a barreira hematoencefálica - em menos de 2 horas, já estavam alojados no cérebro.
O cérebro é envolto pela barreira hematoencefálica, uma camada de células que bloqueia a entrada da maioria das moléculas. É uma defesa muito poderosa, sem igual no organismo. Alguns vírus, como o HIV, são capazes de atravessar essa muralha, mas isso é raro (só ocorre em casos avançados de Aids, na chamada “demência associada ao HIV”).
Mas um novo estudo (1) mostrou que a barreira também pode ser perfurada por algo onipresente: o plástico. Cientistas da Universidade de Viena, na Áustria, alimentaram ratos de laboratório com nanofragmentos de poliestireno (isopor), de no máximo 0,01 milímetro.
Duas horas mais tarde, os animais foram submetidos a autópsia – e constatou-se que o plástico já havia se alojado em seus cérebros.
Uma ressalva: os fragmentos usados no estudo são bem menores do que os microplásticos, de até 5 milímetros, que poluem a água e o ar do planeta. Segundo os pesquisadores, será preciso fazer mais estudos para entender se esses também apresentam risco.
Fonte 1. Micro- and Nanoplastics Breach the Blood–Brain Barrier (BBB): Biomolecular Corona’s Role Revealed. V Kopatz e outros, 2023.