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O fascínio das alturas

O alpinista conta como é chegar ao topo

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h13 - Publicado em 30 jun 2004, 22h00

Tatiana Wittmann

Um amante da natureza, apaixonado pelo “ambiente sagrado” das montanhas e sonhador, muito sonhador. Assim se define o paranaense Waldemar Niclevicz, que já escalou seis dos 14 picos mais altos do planeta desde 1988, quando virou alpinista profissional. Nesta entrevista, ele conta como é chegar ao topo.

O que o leva a desafiar o perigo nas alturas?

Nada me encanta mais do que as montanhas. Elas são um ambiente sagrado. O desafio em si me fascina, por isso procuro escalar a montanha mais fria, a mais alta, a mais perigosa.

Qual é a sensação de chegar ao topo?

É maravilhosa, difícil de descrever. Você sente o esforço e a energia gastos serem recompensados. Valeu a pena o dinheiro investido, o tempo gasto, a torcida dos amigos. Isso pelo lado prático, racional. Tem também o lado emocional, que é difícil de colocar em palavras.

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Existe o medo de alguma coisa dar errado?

Medo de morrer? Não. Nunca cogito essa possibilidade. Tomo todos os cuidados possíveis para ter êxito. É claro que existe a ansiedade de que dê tudo certo – e um pouco de medo de que dê errado. Mas não faço alpinismo só para experimentar a adrenalina no corpo. O que me move é o prazer de conhecer um lugar novo.

Qual foi sua conquista mais importante?

A que mais me marcou foi, sem dúvida, o K2, em 2000. O K2 é considerado a montanha mais difícil e mais perigosa do mundo. Foram necessários três anos de mobilização e três tentativas para que eu conseguisse chegar ao cume, a 8611 metros. A conquista superou todas as minhas expectativas.

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Algumas pessoas o rotulam de louco, outras o consideram um herói. como você se vê?

Nem como louco nem como herói. Sou um sonhador, mas com muito pé no chão, um amante da natureza, da vida e das montanhas. Adoro pessoas que sonham e buscam seus objetivos. Tenho força para sair do marasmo e batalhar por meus objetivos. Não entendo como algumas pessoas passam anos querendo alguma coisa, sonhando em conhecer algum lugar, mas não fazem nada.

Quando você decidiu se tornar um alpinista?

Desde pequeno tive muita admiração por exploradores como Roald Amundsen, Robert Scott, Ernest Shackleton, George Mallory, Edmund Hillary e Amyr Klink. Sempre quis ser um deles. Quando vi o pico do Marumbi, na serra do Mar, foi paixão à primeira vista. Mas foi só aos 18 anos, quando me mudei para Itatiaia (RJ), que comecei a escalar e aprendi a usar o equipamento técnico. Nessa época realizei minha primeira grande aventura: uma viagem à Bolívia e ao Peru. Lá, respirei pela primeira vez o ar rarefeito.

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Qual foi sua estréia como profissional?

Foi em 18 de fevereiro de 1988, quando escalei o Aconcágua, na Argentina. Chorei muito quando alcancei os 6962 metros da maior montanha da América. Daquele dia em diante, passei a me dedicar integralmente às expedições.

O que mudou em sua vida nesses 16 anos?

Hoje busco coisas concretas das expedições. Antes, viajava por puro prazer. Tento aproveitar ao máximo cada escalada, pois é um privilégio chegar a lugares tão distantes. Passei a ter responsabilidades para com os patrocinadores também. E não deixo espaço para a improvisação.

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De que expedição você gostaria de participar?

De muitas. Continuo me deslumbrando com livros, mapas e histórias de exploradores. Mas tem um projeto que eu gostaria muito de realizar, que é escalar as 14 montanhas do planeta com mais de 8 mil metros. Apenas dez homens conseguiram essa façanha. Eu já escalei seis. Ainda chego lá.

Waldemar Niclevicz

• Nasceu em Foz do Iguaçu (PR) em 1966

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• Aos 14 anos entrou na Academia Militar das Agulhas Negras (ficou lá seis anos)

• Antes de uma escalada, na base da montanha, gosta de responder e-mails, praticar yoga, ouvir música e jogar baralho

• Faz escaladas na Cordilheira dos Andes com regularidade há 19 anos

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