O que são e como ocorrem os tiques nervosos?
Essas duas posições resumem a controvérsia que divide a comunidade científica em relação ao tema.
Qualquer gesto compulsivo e repetitivo pode ser classificado de tique, seja ele uma contração muscular (tique motor) ou uma vocalização (tique fônico). Quando uma pessoa sofre muitos acessos diários de cacoetes como esses, caracteriza-se o distúrbio neurológico chamado Síndrome de Tourette, nome do médico francês que, em 1885, foi o primeiro a descrever esse tipo de compulsão.
Os tiques costumam ser atribuídos a tilts nas interações de áreas do cérebro que comandam a produção desses movimentos ou sons – mas o mecanismo que leva a essas reações ainda não foi completamente desvendado. Há especialistas que defendem a hipótese “orgânica”: os tiques viriam de fábrica, herança genética pura. “Trata-se de uma falha em um dos circuitos cerebrais, de origem hereditária”, diz a neurologista Chien Hsin Sem, de São Paulo.
Por outro lado, fatores ambientais também parecem afetar a manifestação dos tiques, sejam eles motores ou fônicos. Ou seja: dependendo de onde o sujeito está e o que ele está sentindo, os tiques ou sintomas da Síndrome de Tourette podem variar de intensidade. É o que defende Ana Gabriela Hounie, psiquiatra do Hospital das Clínicas: “o estresse, a ansiedade ou mesmo emoções muito fortes podem desencadear os tiques, ou piorar sua manifestação”.