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Por que resultados negativos em testes de Covid-19, às vezes, podem enganar

Alguns testes, sobretudo os "rápidos" estão mais sujeitos a falsos negativos - o que tem a ver com o tempo de incubação do vírus. Entenda.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 23 jun 2020, 20h52 - Publicado em 23 jun 2020, 20h49
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  •  (Serhii Sobolevskyi/Getty Images)

    O Brasil já ultrapassou a marca de 1,1 milhão de infectados pelo novo coronavírus, enquanto o total de mortes bateu os 52 mil. Os dados remetem apenas aos números publicados pelo Ministério da Saúde, o que exclui pessoas que faleceram sem serem testadas – ou, ainda, casos indefinidos de Síndrome Respiratória Aguda Grave, que aumentaram de forma repentina em 2020 e podem indicar subnotificação.

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    Essa subnotificação pode ser explicada pelo fato de não existe, no momento, capacidade logística para que o país teste sua população em massa. Tanto é que, apesar de ser o segundo no número de casos, atrás apenas dos Estados Unidos, o Brasil está entre os países que menos fizeram testes.

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    Mesmo nações que testam seus habitantes não estão livres da subnotificação. A barreira, nesse caso, é de ordem técnica:  um paciente pode ser testado e receber um resultado negativo e, ainda assim, não estar de fato livre de infecção. E o porquê disso depende de uma série de fatores.

    Os tipos de testes

    Para os casos mais graves, costuma-se usar testes moleculares, também chamados de RT-PCR. Mais precisos, eles identificam se há ou não DNA do vírus circulando no corpo de um paciente usando uma amostra de secreção da garganta ou nariz que é analisada, depois, em laboratório. Esse processo de análise pode demorar, no melhor dos cenários, 12 horas. O exame acusa a presença do vírus com precisão de 90%.

    Uma forma de diminuir o tempo até o resultado e examinar mais pessoas, no entanto, é apostar nos testes rápidos. Como o nome adianta, a maior vantagem deles é oferecer o resultado de forma quase instantânea, permitindo a um suspeito deixar o ambulatório já sabendo se está contaminado ou não. Fáceis de transportar e operar, testes do tipo não exigem análises posteriores em laboratório.

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    Primeiro, há a coleta de sangue ou secreções do nariz e garganta do paciente. Isso precisa acontecer entre o sétimo e décimo dia do surgimento dos sintomas. A partir dessas amostras, é avaliada a presença de dois anticorpos: IgG e IgM. São as defesas que o organismo do paciente produz para combater um invasor – como o Sars-CoV-2.

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    Existem, no entanto, algumas contrapartidas em se usar esse tipo mais ligeiro de diagnóstico. Sabe-se que, enquanto o IgM é produzido no pico da infecção, o IgG aparece em um momento posterior. Para dar dar positivo, um teste rápido precisa detectar uma quantidade mínima dessa dupla de moléculas no corpo. Se o valor é menor do que é considerado ideal, o vírus não se acusa. Por causa dessa dinâmica, testes rápidos não são recomendados para casos mais leves – quando os sintomas ainda não são muito pronunciados, e o corpo ainda não reagiu à altura do problema.

    Há também o fato de cientistas ainda não saberem ao certo o tempo decorrido entre a infecção por Sars-Cov-2 e a produção de anticorpos pelo organismo de uma pessoa saudável. Isso torna testes rápidos mais sujeitos a entregarem resultados falso-negativos (quando a doença não aparece em uma pessoa infectada ) ou falso-positivos (a Covid-19 se acusa em alguém que não carrega o vírus). Esse nível de confiabilidade, claro, varia de acordo com o tipo de teste.

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    Os tipos de pacientes

    Em algumas pessoas pré-sintomáticas, ou seja, que estão infectadas mas ainda não desenvolveram sintomas, é possível que testes ignorem as pequenas quantidades de vírus presentes no organismo, já que elas ainda estão se multiplicando nas células.

    Pesquisadores explicam que o período de incubação do vírus (tempo entre o primeiro contato até o surgimento de sintomas) varia entre dois e 14 dias, sendo mais comum o surgimento de sinais da doença entre os dias cinco e seis. 

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    Um estudo publicado em maio pela Faculdade de Medicina Johns Hopkins (EUA) sugere que, do primeiro ao quarto dia após a exposição ao vírus, as chances do teste apontar falso-negativo variam de 100% a 67%. Já no quinto dia, período em que costumam aparecer os primeiros sintomas, as chances caem para 38%.

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    No oitavo dia, a probabilidade é ainda menor, apenas 20%. Elas voltam a aumentar nos dias subsequentes: no nono dia, há 66% de chances de dar falso-negativo.

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    A pesquisa se baseou no desempenho de testes PCR mostrado em sete estudos publicados anteriormente. Além disso, foram considerados, principalmente, pacientes que tiveram sintomas da Covid-19. 

    Se você que está lendo essa matéria teve sintomas da doença – como tosse, febre e falta de ar –, mas o resultado deu negativo, há alguns outros fatores a serem considerados antes de sair por aí achando que está saudável.

    Bill Miller, epidemiologista e médico da Universidade Estadual de Ohio, explicou ao jornal Washington Post que é possível calcular o risco de exposição considerando quatro fatores: o tempo gasto com outras pessoas, a distância que você se manteve delas, quão conhecidas elas eram e o quanto elas respeitam as instruções de distanciamento social e, por fim, se você estava em um ambiente interno ou externo. 

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    Uma pesquisa realizada na China e publicada em abril na revista científica Nature Medicine sugere que 44% das transmissões observadas no estudo tiveram origem em pacientes pré-sintomáticos. Por esse motivo, é importante manter o isolamento mesmo com sintomas leves, já que os pré-sintomáticos ou mesmo os assintomáticos (que não apresentam nenhum sintoma durante toda a infecção) também podem transmitir o vírus. 

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