Quais são as diferenças entre Wegovy e Ozempic?
Os dois medicamentos possuem o mesmo princípio ativo, mas dosagens bem diferentes - e foram aprovados para usos distintos
O Ozempic, do laboratório dinamarquês Novo Nordisk, já é o remédio de maior faturamento no Brasil. Nos EUA, 1 em cada 8 adultos já usou ou está utilizando o medicamento. Isso porque, embora ele tenha sido desenvolvido para tratar diabetes (e a autorização que recebeu das autoridades regulatórias seja para esse fim), logo médicos e pacientes logo descobriram que também tinha outro efeito: o emagrecimento.
A droga reproduz a ação do GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon-1), um hormônio que é produzido naturalmente pelo organismo após as refeições. O GLP-1 atua sobre vários órgãos: manda o pâncreas aumentar a produção de insulina, orienta o estômago a segurar um pouco mais os alimentos e desliga os sinais de fome no hipotálamo, bem no meio do cérebro. Ele configura o corpo para a digestão, e faz a pessoa parar de comer.
O GLP-1 é poderoso, mas dura pouco: sua meia-vida é de 120 segundos. Dois minutos depois que esse hormônio é liberado, metade dele já foi inativado (o corpo libera uma enzima, a dipeptil peptidase-4, que faz isso). Meia hora depois, 99% do GLP-1 já sumiu.
Mas com a versão artificial -a semaglutida, princípio ativo do Ozempic-, é diferente. A molécula do remédio foi alterada para resistir à tal enzima, e por isso dura muito mais: sua meia-vida é de uma semana. Ela age por muito mais tempo – e reduz o apetite de forma prolongada, levando ao emagrecimento.
O Wegovy, que foi liberado pela Anvisa em 2023, também é semaglutida (e produzido pelo Novo Nordisk). Também é uma caneta, que o paciente deve usar para injetar o medicamento sob a pele. As principais diferenças são duas: o Wegovy recebeu aprovação regulatória para o tratamento de obesidade e sobrepeso (o Ozempic não, embora seja usado off-label com esse fim), e é aplicado em doses mais altas.
Enquanto a dose de Ozempic costuma ficar entre 0,25 mg e 0,5 mg semanais, a do Wegovy começa em 0,25 mg mas vai subindo gradativamente, ao longo de quatro meses, até alcançar 2,4 mg semanais. Vale lembrar que ambos os medicamentos possuem efeitos colaterais, e só devem ser utilizados sob orientação médica.