Quarentena em países da Europa pode ter evitado 3 milhões de mortes
É o que estima um novo estudo, que analisou a eficácia das medidas de distanciamento social durante a pandemia de Covid-19 em 11 países.
Até o início de maio, as medidas de isolamento social tomadas na Europa durante a pandemia de Covid-19 pouparam pelo menos 3,1 milhões de vidas. Além disso, as intervenções de governos locais impediram que o número R0 – que mede a quantidade de pessoas que um único infectado pelo novo coronavírus pode contaminar – fosse 81% maior.
É o que revelou um estudo conduzido por pesquisadores do Imperial College, da Inglaterra, que considerou dados de 11 países europeus e foi publicado na revista científica Nature.
Cientistas da mesma universidade já haviam estimado que, até 31 de março, o número de vidas “poupadas” pelas medidas de isolamento na Europa era de 59 mil. Mas as coisas escalaram rápido no continente – e no mundo.
Até o dia 4 do mês passado, entre 12 e 15 milhões de pessoas foram infectadas pelo Sars-CoV-2 só na Europa. Quase 129 mil morreram de Covid-19. E poderia ter sido pior se os governantes não interviessem, impondo medidas mais rígidas durante a pandemia.
Apenas na França, onde cerca de 23 mil pessoas morreram de Covid-19, o lockdown foi responsável por impedir 690 mil novos casos. A vice-liderança fica com a Itália, que deixou de ter pelo menos 630 mil infectados, segundo o modelo de previsão dos cientistas. Alemanha (com 560 mil casos a menos), Reino Unido (470 mil) e Espanha (450 mil) completam o top-5 . Os demais países analisados no estudo foram Bélgica, Áustria, Suíça, Dinamarca, Suécia e Noruega.
É curioso observar que, nessa relação, há desde exemplos positivos, como Alemanha, Suíça e Noruega, até aqueles países que demoraram a pegar no tranco e apertar as medidas de contenção da pandemia – como Itália, Espanha e Suécia.
Entre as medidas que serviram para que esse número fosse possível estão o isolamento de pessoas infectadas, fechamento de serviços públicos (como escolas, por exemplo), a proibição de eventos com grande aglomeração e, principalmente, a quarentena voluntária – leia-se ficar em casa e só sair quando era extremamente necessário.
Passada a primeira onda de infecções, alguns países europeus já estudam retomar certos serviços não essenciais, permitindo pequenos eventos e o funcionamento de bares e restaurantes, por exemplo.
Apesar do resultado inicial favorável, o estudo pontua que menos de 4% da população dos 11 países analisados contraiu Covid-19. Isso significa que o conceito de imunização de rebanho, em que grande parte da população contrai o vírus e, uma vez imune, pode continuar vivendo normalmente, está longe de ser uma realidade.
Afrouxar demais – e antes da hora – as medidas de distanciamento social pode fazer com que uma segunda onda de casos surja – algo que aconteceu em países da Ásia, por exemplo, que “achataram a curva” antes de nações do ocidente.