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Risco de transmissão da Covid-19 é maior entre membros de uma família

E isso até é uma notícia boa: contatos ocasionais, fora de casa, parecem transmitir pouco a doença, segundo um novo estudo americano.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 25 mar 2020, 12h23 - Publicado em 4 mar 2020, 17h10

Enquanto a Covid-19 avança para a marca de 100 mil casos confirmados no mundo, especialistas em saúde pública estão correndo para tentar entender melhor como o vírus se espalha pela população. Agora, uma nova análise revelou o que parece ser uma boa notícia: as chances de infecção entre membros de uma mesma família são muito mais altas do que entre um paciente e pessoas que tenham contato com ele fora de casa – o que ajuda a conter o espalhamento do vírus.

O estudo, feito pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, acompanhou os 10 primeiros casos da doença confirmados em território americano. Os pesquisadores rastrearam todas as pessoas que tiveram “contato próximo” com os pacientes – ou seja, que permaneceram a no máximo 1,8 metros do infectado por um intervalo maior que 10 minutos. Isso levou a um total de 445 pessoas acompanhadas, entre pessoas que moram na mesma casa que os infectados (19), indivíduos que compartilharam espaços com eles fora de casa (204) e agentes de saúde que atenderam os pacientes (222).

Dessa amostragem, apenas duas pessoas acabaram infectadas com o coronavírus – ambas eram parentes que compartilhavam a mesma casa com os pacientes confirmados. Nenhum outro caso testou positivo para o SARS-cov-2019, incluindo cinco pessoas que permaneceram em contato domiciliar com pessoas infectadas por longos períodos.

Os resultados são positivos porque indicam que muitas pessoas que entram em contato com infectados fora de suas casas não acabam infectadas. E também mostra que a epidemia pode ser enfraquecida com medidas de precaução e de higiene, especialmente dentro de famílias com casos suspeitos ou confirmados.

A conclusão da pesquisa também faz sentido: o vírus passa de pessoa para pessoa através de fluídos, como gotículas de saliva. O contato é essencial para que a doença entre no organismo: principalmente através das mãos sendo levadas à boca ou ao nariz. Esses tipos de contato mais diretos se concetram em relações familiares, o que explicaria os resultados.

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Mas há ressalvas importantes: o estudo foi feito com uma base de dados pequena: apenas 10 casos (até essa quarta, dia 04, os Estados Unidos já haviam confirmado 138 ocorrências). E o país, assim com a Alemanha, já registrou casos de Covid-19 sem fonte determinada, ou seja, em pessoas que não viajaram para o exterior e nem tiveram contato claro com nenhuma pessoa conhecida que esteve em outro país ou que teve o diagnóstico confirmado. Isso pode indicar que a doença pode sim se espalhar por contatos aleatórios, apesar de parecer bem mais difícil.

Além disso, muitos casos são assintomáticos ou apresentam sintomas leves, principalmente em pessoas mais jovens – mas, mesmo nesses casos, parece ser possível a transmissão do vírus para outras pessoas. Resumindo: não dá para se descuidar.

No Brasil, até agora, são três casos confirmados, todos em São Paulo. Não se conhece nenhum caso de transmissão entre familiares por enquanto – todos parecem ter sido “importados” da Europa, especialmente da Itália, que enfrenta um surto da doença. De qualquer forma, o Ministério da Saúde recomenda precauções, como lavar bem as mãos com água e sabão ou higienizá-las com gel antisséptico; evitar grandes aglomerações e pessoas com sintomas; evitar tocar a boca, nariz e olhos antes de lavá-las e procurar uma unidade de saúde caso sintomas apareçam. 

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