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Se empanturrar de doce realmente te deixa lesado

Sentiu a cabeça ficar mais lenta depois das sobremesas de fim de ano? Não é impressão: você desacelerou mesmo.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 dez 2022, 10h22 - Publicado em 4 jan 2018, 15h43

Você se prepara para o banquete – às vezes até pula uma refeição para dedicar toda a sua fome ao peru, ao arroz com uva passa e ao pavê. Mas, depois de comer, não consegue fazer mais nada: parece que o seu cérebro estacionou. Uma nova pesquisa demonstrou que o fenômeno realmente afeta as funções cognitivas, deixando sua cabeça mais lenta de verdade.

O estudo dividiu voluntários em quatro grupos. Um deles ingeriu uma bebida rica em glicose (a forma de açúcar que corre pelo sangue e serve de combustível para nossas células), o outro consumiu frutose (o açúcar das frutas), o terceiro, sacarose (o açúcar de mesa, que você coloca no cafezinho) e o último mandou bala na sucralose, um adoçante artificial. Vinte minutos depois, todos passaram por testes de atenção e raciocínio.

O processo se repetiu semanalmente por quatro meses, durante os quais os participantes trocaram de grupos, ingerindo bebidas diferentes, sem nunca saber o que elas continham. Alguns deles eram instruídos a ficar 10 horas em jejum antes de participar.

Ao final do estudo, os pesquisadores computaram não só os resultados no teste, mas a velocidade de resposta dos participantes durante o experimento. E descobriram a mesma leseira que você deve ter sentido após a ceia de Natal.

Os participantes que haviam ingerido glicose e sacarose ficavam 0,2 segundo mais lentos, em média. É pouco em números absolutos – mas pense que a velocidade de resposta normal ficava perto dos 0,92 segundo. Isso quer dizer que um pico de glicose e sacarose, como a que sobremesas e grandes refeições tendem a provocar, reduziu a velocidade das pessoas em 21,5%.

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O estudo também mostrou que o efeito do açúcar seu cérebro não tem a ver com a percepção de doçura, porque os efeitos cognitivos não foram encontrados nem com frutose nem com sucralose.

Pensando do ponto de vista biológico, faz bastante sentido. Para dar combustível às suas células cerebrais, a glicose é capaz de atravessar a barreira hematoencefálica, que impede grande parte das substâncias que circulam no sangue de chegar até o cérebro (inclusive a frutose).

A sacarose, quando é digerida pelo corpo, é quebrada em frutose e glicose, que vão ser metabolizadas separadamente – e a parte, digamos, “glicosística” pode explicar por que a sacarose também afetou a velocidade de resposta nos testes.

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Outra conclusão interessante do estudo é o efeito do jejum nessa história toda: os participantes que passaram 10 horas sem comer antes de tomar a bebida com glicose ou sacarose ficaram ainda mais lentos no teste.

Atenção na próxima vez que for se esbaldar: pular as refeições anteriores para “abrir mais espaço” no seu estômago vai puxar ainda mais o freio de mão no seu cérebro depois da festança.

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