Taxação de bebidas açucaradas pode economizar R$81 bi da saúde em 10 anos
Estudo aponta que taxação entre 20% e 30% nesses produtos diminuiria as taxas de obesidade e os gastos com saúde pública
O aumento de impostos sobre bebidas açucaradas pode reduzir custos diretos e indiretos com saúde no Brasil, gerando uma economia de até R$81 bilhões em uma década. É o que aponta a modelagem publicada por pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em parceria com instituições canadenses e mexicanas e publicada nesta quarta (17) na revista científica PLOS Medicine. Os cálculos envolvem custos diretos, como internações, medicamentos, exames e serviços médicos, e custos indiretos, como produtividade, afastamentos profissionais, entre outros.
A pesquisa utilizou os dados de mais de 37 mil adultos acima de 20 anos, obtidos da edição mais recente da Pesquisa de Orçamentos Familiares, do Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE). Os números permitiram estimar como mudanças nos preços afetariam o consumo de vários produtos, como refrigerantes, energéticos e isotônicos – e consequentemente, qual seria o impacto disso no peso e saúde dos consumidores.
As simulações com taxas de 20% e de 30% apontam que ambas as propostas seriam benéficas para a saúde dos brasileiros. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda impostos de 20% sobre as bebidas açucaradas. Segundo o estudo, com a implementação de um imposto de 20%, a prevalência da obesidade poderia ser reduzida em quase 7% em dez anos, enquanto taxas de 30% trariam uma diminuição de até 9% neste indicador.
“Mudar preços é uma medida bem importante para estimular comportamentos de consumo mais saudáveis”, comenta Paula Pereda, pesquisadora da USP e uma das autoras do artigo em nota.
Segundo dados do IBGE, a obesidade no Brasil saltou de 11,8% em 2009 para 20,3% em 2019. Previsões estimam que, em 20 anos, 75% dos brasileiros estará acima do peso. Seguindo a tendência atual, o país teria 10,9 milhões de novos casos de doenças crônicas associadas ao sobrepeso e obesidade nas próximas duas décadas.
Em votação da regulamentação da reforma tributária, na última quarta (10) na Câmara, esses produtos foram mantidos na lista de itens que devem receber imposto extra, o imposto seletivo, por serem prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. Agora, o texto segue para análise do Senado Federal, e a alíquota que será adotada para a tributação de bebidas açucaradas ainda será discutida.