99,8% dos americanos conhecem vítimas de armas
Nos EUA, cidadãos têm 10 vezes mais chances de serem mortos por um tiro do que em outros 22 países desenvolvidos
“O governo não tem o direito de ditar que tipo de proteção os cidadãos de bem podem comprar”, diz Donald Trump, republicano recém eleito à presidência dos EUA, em seu site. Durante toda a campanha, o político reforçou sua defesa pelos cidadãos “honestos”, afirmando que isso aumentaria a segurança no país: “Até em Paris”, explica ele, “se eles tivessem armas do outro lado [na noite do atentado], não haveria mais de 130 mortos”. Mas será mesmo?
Não é o que mostra um estudo conduzido pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston, que analisou os dados sobre mortes e ferimentos por armas de fogo e comparou-os ao número estimado de relações sociais (312) que uma pessoa tem, em média, enquanto vive. O resultado foi uma projeção assustadora: ao longo da vida, 99,8% os americanos conhecerão pelo menos uma vítima de arma. Esse número aumenta especialmente entre os negros (99,9%), e é um pouco menor entre os brancos (97,1%) e outros grupos (88,9%).
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Quando se olha apenas para as vítimas fatais, o número também é alto: as chances de vir a conhecer pessoas que foram mortas por balas era de 84,3% entre todos os americanos – e também aumentava entre os negros (95,5%). Levando em conta só os ferimentos não fatais, a proporção continua parecida: 99,9% entre os negros e 80,3% entre brancos.
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Esses resultados mostram que os americanos, especialmente os negros, têm 10 vezes mais chances de morrer como resultado de um tiro do que habitantes de outros 22 países desenvolvidos que o próprio estudo usou como comparação, como Alemanha, França e Suécia.
Os dados usados pela pesquisa são de 2013 e foram colhidos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês). Segundo o CDC, naquele ano foram 33.636 mortes (21 mil das quais eram suicídios) e 84.258 ferimentos causados por armas no país.