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A capital da Indonésia está afundando, e o governo quer criar uma nova

Localizada em uma região pantanosa, Jacarta tem um dos níveis de inundação mais rápidos do mundo. Até 2050, 90% do norte da cidade pode ficar submerso.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 27 ago 2019, 20h13 - Publicado em 27 ago 2019, 20h11

Imagine o seguinte cenário: uma metrópole com mais de 10 milhões de habitantes começa a afundar. Alguns habitantes, então, perdem as suas casas, ou passam a ter de conviver com a água, cada vez mais poluída, invadindo seu lares. Nos próximos 30 anos, a expectativa é de que 90% da região norte dessa cidade esteja submersa. Não, essa descrição não foi tirada do enredo de um filme-catástrofe – é a realidade de Jacarta, capital da Indonésia.

Localizada na ilha da Java, sudeste da Ásia, Jacarta é o centro político e financeiro do arquipélago indonésio, formado por mais de 17 mil ilhas, mas sofre há décadas com o problema da inundação. E na última segunda (26), o governo do país anunciou uma “solução”: transferir a capital de lugar construindo uma cidade. Sim, da mesma forma que Brasília foi levantada no centro-oeste brasileiro.

A futura capital será construída na parte indonésia da ilha de Bornéu (que abriga também Malásia e Brunei), em um projeto que custará US$ 34 bilhões e levará 10 anos para ser concluído. De acordo com o presidente, Joko Widodo, a escolha do local é estratégica. “Fica no centro da Indonésia e próximo a áreas urbanas”, disse ele, em um pronunciamento oficial.

Por que a cidade está afundando?

A história de Jacarta e sua localização geográfica explicam o fenômeno. A cidade litorânea fica em uma região pantanosa – 13 rios passam por lá. Além disso, boa parte da população local usa água subterrânea para as necessidades do dia-dia, desde cozinhar até para beber.

Tudo isso faz com que o solo tenda a perder sustentação e afundar, o que na geologia é chamado de subsidência. Em Jacarta, esse é um problema difícil de resolver: o rápido e desgovernado crescimento da cidade acabou por transformá-la em uma das áreas urbanas mais populosas do mundo. São 30 milhões de pessoas, contando com a região metropolitana, e 60% dos moradores retiram água do subsolo.

A área mais afetada é a região norte da cidade. North Jakarta fica mais próxima ao oceano, e seus quase dois milhões de habitantes sofrem com o problema há anos. Estima-se que algumas regiões já desceram 4 metros em relação ao mar desde os anos 1970.

De acordo com o Fórum Econômico Mundial, uma parte dessa região submerge a uma taxa de 25 centímetros por ano. Outras regiões de Jacarta afundam em taxas menores, mas igualmente rápidas.

Vale dizer que Jacarta não é a única cidade do mundo a afundar. Fatores como a extração de água subterrânea, movimento de placas tectônicas e aquecimento global, que eleva o nível dos oceanos, podem colocar outros lugares em situações parecidas. Segundo destaca a CNN, Pequim (China), Lagos (Nigéria) e Houston, Nova Orleans e Washington (EUA) já apresentam algum nível de afundamento.

Como será a nova capital?

O projeto ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento indonésio. O presidente defende que, com a nova cidade, será possível resolver o problema de Jacarta. Transferir a administração pública, segundo ele, reduziria a pressão em cima da metrópole, que sofre com problemas como superpopulação, pobreza, poluição e congestionamento. O local escolhido seria mais seguro, com menos incidência de eventos como terremotos e tsunamis.

Mas há controvérsias. Parte da população defende que o governo, ao invés de criar uma nova cidade, deveria concentrar esforços (e investimentos) para resolver a situação das áreas mais afetadas. Além disso, ambientalistas estão preocupados com o impacto ambiental do projeto.

A ilha de Bornéu é a terceira maior do arquipélago (mas uma das menos povoadas) e lar de uma grande reserva florestal. A promessa do governo é que a capital planejada funcione com energia verde, com impacto positivo para o ambiente. Em contrapartida, há quem diga que levar milhões de pessoas para lá alteraria o ecossistema da região, dificultando a vida de espécies nativas.

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