A cidade em Honduras onde “chove peixe” todos os anos
Moradores de Yoro dizem que é um milagre e comercializam o excedente da carne. Veja algumas hipóteses para o fenômeno inusitado.

A vida não é fácil na comunidade rural de La Unión, que fica na periferia da cidade de Yoro, noroeste de Honduras. Os trabalhos são escassos e parte significativa da população vive em situação de pobreza. No dia a dia, a alimentação costuma ser baseada em milho e feijão.
Mas, entre o fim da primavera e o início do verão, algo de incrível acontece: os moradores saem com baldes e cestas na rua para pegar os peixes cor de prata similares a sardinha que podem ser encontrados no chão.
Segundo uma reportagem do jornal The New York Times, todos os anos peixes aparecem de forma misteriosa na região – um fenômeno que os locais descrevem como um milagre.
Corre o boato de que os animais caem do céu. O fenômeno ocorre em condições de clima bem específicas com chuvas torrenciais, trovões e relâmpagos. Ninguém nunca viu, de fato, um peixe cair do céu – até porque, quando a tempestade aperta, as pessoas preferem permanecer dentro de casa.
Uma vez que o temporal acabou, começa a coleta dos peixes. O fenômeno já acontece há gerações na cidade, em diferentes lugares. Em La Unión, a tal chuva começou há uma década.
Para algumas famílias, essa é a única oportunidade de comer peixe. O fenômeno também virou negócio. A empresa de pesca Regal Springs lançou uma marca apenas com aqueles que “caem do céu” e a chamou de Heaven Fish (“peixe do paraíso”).
De acordo com informação da empresa reportada pela CNN, cada vez que ocorre um fenômeno, uma família pode chegar a coletar dez quilos de peixes. A companhia também disse que mais de 60% da população da cidade passou a ser contratada da Heaven Fish, em operações que vão desde a coleta até a distribuição da carne.
Alguns moradores atribuem o fenômeno aos devotos de Manuel de Jesús Subirana, um missionário vindo da Espanha que, no século 19, teria pedido pelo fim da pobreza e da fome em Yoro. Subirana está enterrado na igreja católica principal da cidade.
Alguns moradores mais céticos ouvidos pelo New York Times dizem que os peixes podem viver em córregos subterrâneos ou cavernas – e que, nas situações de chuva intensa, esses corpos d’água transbordam. Esse poderia ser um possível caminho para os peixes emergirem.
Já o cientista atmosférico da Universidade da Geórgia, John Knox, apresentou outra hipótese à revista Smithsonian Magazine. Para ele, existe a possibilidade de que haja um tornado ou tromba d’água que passe em cima de algum corpo rio ou lago e suga os peixes.
Ninguém registrou tornado nenhum, contudo. Por enquanto, o mistério permanece. E os peixes, seguem caindo.